Angola Costa do Marfim
Angola continua a defender a criação de um governo de união nacional para que a Costa do Marfim saia da actual crise apesar da União Africana ter apelado a Laurent Gbagbo que abandonasse o poder.
Angola justifica a sua posição por entender que não é pelas armas que se vai superar o conflito que começou com a divulgação dos resultados das eleições presidenciais que deram vitória a Alassane Ouattara
De acordo com ministro das relações exteriores George Chicoty Angola sempre defendeu soluções pacíficas com base no diálogo.
“Em função disso nós recomendamos que a União Africana jogasse um papel para levar as partes em conflito a discutir a situação pacificamente,” disse.
Chicoty disse que Angola tinha participado nas reuniões da União Africana que visavam encontrar uma solução para a crise marfinense que tinha recomendado o diálogo e um governo de unidade
Alguns analistas em Luanda afirmam que Angola deve repensar a sua posição.
Belarmino Vandúnem defende que a posição de Angola não deve fugir da que foi tomada pela comunidade internacional.
Uma mudança do actual embaixador de Angola na Costa do Marfim é aponta pelo especilaista em questões internacionais, Francisco Cruz, como uma das soluções para o novo alinhamento que Angola deveria com a Costa do Marfim
Francisco Cruz disse ser de opinião que a declração de Chicoty indica uma mudança de atitude do governo angolano que inicialmente apoiava a revisão do processo eleitoral da Costa do marfim.
A Revista francófona Jeune Afrique voltou entretanto a afirmar que tropas de Angola fazem parte do dispositivo de defesa do presidente cessante Laurent Gbagbo.
Segundo a Jeune Afrique cerca de uma centena de militares da guarda presidencial angolana compõe a ultima linha de defesa de Gbagbo que continua a resistir as investidas das forças leais ao presidente Alassane Ouattara.
A Revista Jeune Afrique não divulga a sua fonte, mas de forma categórica diz que os últimos fiéis de Laurent Gbagbo têm resistido aos ataques das Forças Republicanas da Costa de Marfim, graças aos apoios de um supletivo de tropas de elite de Angola.
A revista adianta que cerca de uma centena de homens da unidade da guarda presidencial angolana – UGP – faz parte do dispositivo de 200 operacionais que ainda mantêm intactas as linhas de defesa do auto proclamado presidente Gbagbo.
Os militares angolanos destacados a protecção de Laurent Gbagdo estariam sob o comando do Coronel Vitor Manena segundo a Revista que adianta que instrutores militares da guarda pessoal de José Eduardo dos Santos formaram as unidades da Guarda Republicana Costa-marfinense e do Grupo de Segurança do Presidente da República em técnicas de guerrilha urbana. As formações desses dispositivos dirigidos por dois temidos oficiais da Costa do Marfim, Bruno Dogbo Blé e Ahouman Brouha Nathanael tiveram lugar em Luanda e em Abidjan escreve a revista Jeune Afrique.
A notícia do envolvimento de militares angolanos na protecção do ainda presidente Laurent Gbagbo, surge depois do fracasso de uma nova ofensiva das forças pró-Alassane Ouattara para desalojar o presidente cessante que desde a passada semana se encontra refugiado num bunker da sua residência em Abidjan.
A Jeune Afrique evoca igualmente na sua publicação a preparação de uma intervenção da África do Sul em Abidjan para proteger os seus cidadãos. A mesma revista indica que a África do Sul já dispõe de uma fragata ao largo de Abidjan o SAS Drakensberg. Petrória dispõe igualmente de um outro navio de guerra no Golfo da Guiné que poderá avançar para o largo da Costa do Marfim. Uma centena de comandos paraquedistas sul-africanos está igualmente estacionada em Acra no Ghana e poderá intervir em Abidjan realça a revista franófona.
A Jeune Afrique interroga entretanto porque razão a África do Sul iria intervir num país onde apenas dispõe de duas dezenas de expatriados. A revista deixa assim a entender que a presença de militares sul-africanos no teatro das operações poderão ter por objectivo assegurar o salvamento do presidente Laurent Gbagbo, no caso deste se optar pelo exilo num país estrangeiro. Assim sendo as tropas sul-africanas e angolanas poderão garantir a criação de um corredor de segurança para a sua saída do refúgio actual.
África do Sul e Angola fazem parte dos países africanos que se destacaram na defesa de Laurent Gbagbo isto apesar de ultimamente terem-se aliado a decisão da União Africana que exigia a presidente cessante para que abandone o poder.
Tanto Pretória como Luanda voltaram a destacar-se esta semana ao contrariar a intervenção das Nações unidas e da França em Abidjan.
Enquanto o porta-voz do ministério das relações exteriores de Angola José-Maria Fernandes defendia como provável a eleição de Gbagbo, o ministro dos negócios estrangeiros sul-africano, Maite Nkoana-Mashabane dizia por seu turno nunca ter dado o mandato a quem quer que seja para bombardear a Costa do Marfim.