Na Costa do Marfim, forças leais ao vencedor das eleições presidenciais internacionalmente eleito apoderaram-se do principal porto de exportação de cacau.
Combatentes leais a Alassane Ouattara tomaram a cidade portuária de San Pedro um dia depois de se terem apoderado da capital administrativa do país Yamoussoukro.
As forças de Ouattara parecem estar a consolidar as suas posições e a avançar em direcção à capital comercial Abidjan, o último bastião do presidente cessante Laurent Gbagbo.
Entretanto o ministro sul-africano dos negócios estrangeiros afirmou que o chefe do estado-maior do exército de Gbagbo tinha pedido asilo na residência do embaixador sul-africano.
Estes últimos acontecimentos poderão constituir o princípio do fim da liderança de Laurent Gbagbo no poder há uma década.
A Costa do Marfim tem estado à beira da guerra civil desde as eleições presidenciais de Novembro passado quando Gbgabo se recusou a aceitar a vitória do seu rival Alassane Ouattara reconhecida pelas Nações Unidas.
De acordo com o analista da organização International Crisis Group, Rinaldo Depagne, Laurent Gbagbo parece estar de partida: “ Gbagbo, está, de um ponto de vista militar, completamente ultrapassado. O seu exército está destruído. Talvez tenha ainda a guarda presidencial mas basicamente está desarmado".
Depagne acrescentou que a batalha por Abidjan parece estar iminente: “ os rebeldes estão actualmente a 100 km a nordeste de Abidjan e se Gbagbo não deixar o poder rapidamente, Abidjan poderá ser atacada muito em breve".
Esta tarde registaram-se confrontos esporádicos em Abidjan e foram colocadas mais barricadas nas entradas da cidade em preparação para um ataque.
Entretanto em declarações à agência de imprensa portuguesa Lusa um português residente em Abidjan afirmou que a situação estava "muito perigosa".
“ Sente-se tensão no ar e já há falta de alguns alimentos nos supermercados”, afirmou ainda aquele cidadão português.
Escolas, empresas e bancos fechados foram o cenário descrito pelo português em Abidjan, onde já não há dinheiro nem alimentos nos supermercados.
Enquanto isso, o presidente de Cabo Verde, Pedro Pires, alertou hoje para as consequências imprevisíveis da "autêntica guerra civil" que se vive na Costa do Marfim, considerando que era dever de todos evitar o conflito.
Pedro Pires, falava em Lisboa, à saída de uma audiência com o presidente do Parlamento português.
Pires escusou-se contudo a comentar a resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas, adoptada ontem, impondo sanções ao Presidente cessante da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo, e aos seus colaboradores mais próximos e exigindo a sua saída do poder.
Forças do presidente reconhecido internacionalmente estão às portas da capital comercial marfinense