Subsídios de Moçambique à alimentação são "insustentáveis"

  • Eduardo Ferro

Os subsídios, "não devem ser permanentes", mas o objectivo de aumentar a produtividade é prejudicado por a agricultura moçambicana ser de subsistência.

Economista defende que o país deve aumentar a produtividade agrícola.

O governo de Moçambique deve acabar com os subsídios aos produtos alimentares e promover o aumento da produtividade agrícola - defende um economista moçambicano.

Numa entrevista à VOA, Rafael Uaiene refere que os subsídios adoptados após os tumultos de Setembro passado podem tornar-se "insustentáveis".

O recente aumento dos preços dos alimentos nos mercados internacionais constitui uma preocupação em Moçambique, onde os distúrbios de Setembro coincidiram com a subida dos preços dos bens essenciais.

Desde então, os subsidios estatais, que deverão ser revistos em Março, têm mantido a situação estabilizada. A subida dos preços deve afectar mais o trigo (importado) do que o milho e a mandioca (de produção nacional).

Mas especialistas como o Dr. Uaiene, do Instituto Moçambicano de Pesquisa Agrícola, entendem que a continuação dos subsidios poderá criar uma situação insustentável e que Moçambique só se libertará deste problema com o aumento da produtividade agrícola.

O Banco Mundial alertou esta semana para a continuada subida dos preços nos mercados internacionais, afectando, sobretudo, os países mais dependentes das importações. Devido ao aumento dos preços, mais 44 milhões de pessoas caíram no que o Banco classifica como "pobreza extrema", ou seja, viver com menios de 1,25 dólares por dia.

O economista entende que os subsídios, "não devem ser permanentes", mas observa que o objectivo de aumentar a produtividade é prejudicado pelo facto de a agricultura moçambicana ser de subsistência.

"Há limitações na tecnologia agrícola e na mão de obra e por isso a capacidade de expansão é limitada", afirma o Dr. Uaiene defendendo a mecanização da agricultura Moçambicana.

Veja gráfico da subida de preços abaixo e clique na barra no princípio deste texto para ouvir a entrevista com Rafael Uaiene, do Instituto Moçambicano de Pesquisa Agricola.

Gráfico VOA com informação Banco Mundial e FAO