Em Nova Iorque a juíza federal Loretta Preska sentenciou o pirata somali Abduwali Abdiqador Muse a 33 anos e nove meses de prisão pelo sequestro de um navio-contentor no Oceano Indico, e em que foi feito refém o comandante. A sentença refere também dois anteriores sequestros.
Muse foi sentenciado numa audiência emocional em que se ouviu o depoimento de um sobrevivente do sequestro em 2009 do Maersk Alabama, um navio-contentor de bandeira americana, ao largo da costa da Somália.
Os advogados de Muse tentaram obter a sentença mínima de 27 anos. Mas a juíza Loretta Preska disse que Muse e os seus cúmplices pareciam “disfrutar dos seus actos mais depravados de violência física e psicológica,” pelo que era necessária uma sentença mais longa para deter outros piratas.
Após a captura do navio a 8 de Abril de 2009, Muse e três cúmplices entraram a bordo do Maersk Alabama. E Muse, que segundo os acusadores públicos era o líder teria, alegadamente, disparado a sua AK-47 contra o capitão Richard Philips. Ordenou-lhe depois que parasse o navio. Dias mais tarde, Muse foi capturado, e atiradores da marinha americana mataram os três cúmplices, e libertaram Philips. Colin Wright, terceiro oficial do navio, e que depôs no julgamento, disse mais tarde aos jornalistas que a sentença não tinha sido muito dura.
“Parece ser pouco tempo para a dor e o trauma que ele e os companheiros nos causaram. Ele é para além do mais responsável pela morte dos três companheiros, pelo que 33 ou quase 34 anos de prisão parece ser uma pena muito curta.”
Muse declarou-se culpado em Maio das seis acusações relacionadas com o sequestro de navios, rapto e feitura de reféns. Antes de ouvir a sentença, e através de um intérprete, pediu desculpa e perdão aqueles a quem tinha causado dano. Os seus advogados afirmaram que foi a pobreza extrema que o levaram à pirataria, e que ele era ainda um jovem. Contudo, Muse foi considerado adulto pelo tribunal pois já tinha mais de 18 anos na altura do sequestro.
Por seu lado, Colin Wright disse que vai regressar à sua vida de marinheiro, apesar de ainda não se sentir muito seguro. Defendeu que os navios de bandeira americana devem andar armados, ou devem permitir à tripulação o porte de pequenas armas para sua defesa.
A procurador-geral do Distrito Sul de Nova Iorque, Preet Bharara, disse que a sentença deixa claro que a pirataria no mar alto é crime contra a comunidade internacional que não será tolerado.
Mas apesar das patrulhas marítimas internacionais, os piratas continuam a operar nas águas ao largo da Somália e alguns foram ou serão presentes a tribunal em vários países como a Alemanha, A Coreia do Sul, a Malásia e a Índia.