A pobreza no Mundo vai continuar a crescer enquanto continuarem a aumentar os preços dos alimentos - disse à VOA o economista cabo-verdiano, Avelino Bonifácio.
Bonifácio comentava o último alerta do Banco Mundial sobre a subida dos preços dos alimentos, subida que pode assumir proporções de crise.
Segundo o Banco, desde Junho passado, mais 44 milhões de pessoas caíram no limiar da extrema pobreza, por não terem acesso a alimentos.
Vive em pobreza extrema quem é obrigado a sobreviver com menos de 1,25 dólares por dia. Segundo o Banco Mundial os ailmentos aumentaram 29% nos últimos 12 meses e aproximam-se agora dos valores registados durante a crise alimentar de 2008.
Segundo o director do Banco Mundial, Robert Zoellick, “os preços dos alimentos estão a alcançar níveis perigosos ameaçando dezenas de milhão de pessoas através do planeta”.
Entre os cereais foi o trigo que registou o aumento mais acentuado duplicando de valor entre Junho de 2010 e Janeiro deste ano. Quanto ao milho aumentou cerca de 73%. Também o açúcar e os óleos alimentares registaram subidas acentuadas.
O Banco Mundial sublinha no seu relatório que o facto de 44 milhões de pessoas terem caído numa situação de extrema pobreza implicará certamente uma maior incidência da sub –nutrição à medida que as pessoas mais pobres são obrigadas a comprarem alimentos mais baratos e menos nutritivos.
"O continente africano será um dos mais afectados", afirma Avelino Bonifácio, referindo-se à dependência das exportações que existe em muitos países. "Esperamos que haja investimentos na produção para fazer face aos aumentos do consumo", diz Bonifácio, sem ser necessário recorrer às importações a preços quase sempre instáveis.
Perante este panorama sombrio, acrescenta o Banco Mundial apenas dois factores fizeram com que a actual crise não tenha alcançado ainda as proporções de 2008. O primeiro é o facto das boas colheitas em África terem mantido estável o preço do milho. O outro factor é que o aumento do preço do arroz tem sido moderado e que o mercado desse cereal parece ter estabilizado.
Ouça a entrevista da VOA com o economista cabo-verdiano Avelino Bonifácio, que avalia o impacto desta situação.