A comissão de inquérito parlamentar despachada para o Huambo para investigar queixas da UNITA de que as autoridades tradicionais locais proibiam o hasteamento da bandeira do principal partido da oposição, afirmou em conclusão preliminar que os incidentes derivam do ressentimento das populações por causa das atrocidades cometidas durante a guerra civil.
O deputado Higino Carneiro que chefia a delegação parlamentar disse no município da Kaala, durante a sessão de encerramento do segundo dia de auscultação que, a violência política na província tem a sua origem principal no conflito armado.
Tais rancores foram manifestados pelas autoridades tradicionais presentes no encontro, ao afirmarem que nunca irão permitir a colocação de bandeiras da UNITA nas suas zonas de jurisdição, receando que a fixação das insígnias de diferentes partidos nas suas localidades pode potenciar o retorno do conflito armado.
Os sobas sublinharam que a bandeira do partido no poder é a única aceite nas suas povoações, tendo um dos lideres tradicionais chegado ao ponto de proferir publicamente ameaças de morte contra os membros da UNITA caso o maior partido na oposição insista na colocação de bandeira na sua aldeia.
Refira-se que, um relatório da “Human Rights Watch” reconhece que tais ressentimentos, sem dúvida, existem em áreas que anteriormente estiveram sobre controlo da UNITA durante a guerra civil.
Contudo, alertou aquela organização de defesa dos direitos humanos que, o partido no poder não fez nada para exercer controlo sobre os seus líderes locais, que em certos casos são suspeitos de encorajar tais actos de violência.
Manuel Somaquessenge, administrador municipal da Kaala, disse perante a Comissão Parlamentar de Inquérito que o propósito da Unita era o de “ instalar a confusão no seio das comunidades”.
Para Liberty Chiyaka, secretário provincial da Unita a intolerância política resulta “da incompetência governativa local em promover a reconciliação nacional e justiça social”.
Ouça a reportagem do correspondente da “Voz da América” António Capalandanda.
Comissão de inquérito parlamentar diz que proibição de hastear bandeira da Unita deriva de "ressentimentos da guerra civil.