Visita de Obama ao Brasil regulariza relação histórica entre os dois países

Visita de Obama ao Brasil regulariza relação histórica entre os dois países

Diplomatas americanos e brasileiros ainda finalizam os textos dos principais acordos económicos que devem ser assinados durante a visita do presidente Barack Obama ao Brasil, no próximo fim de semana.

Diplomatas americanos e brasileiros ainda finalizam os textos dos principais acordos económicos que devem ser assinados durante a visita do presidente Barack Obama ao Brasil, no próximo fim de semana.

No sábado, em Brasília, Obama assina, pelo menos, 20 acordos, na área de tecnologia, biocombustível, entre outros. Entre as parcerias que serão firmadas estão propostas conjuntas de ajuda a nações africanas. Ainda na capital federal, Barack Obama almoça com sindicalistas e participa de evento com empresários.

No domingo, no Rio de Janeiro, a agenda do presidente começa com a visita ao Corcovado, na zona Sul da cidade. De lá, Obama segue para a Cidade de Deus, favela conhecida mundialmente pelo filme com o mesmo nome, que recebeu a Unidade de Polícia Pacificadora (UPPs).

É na cidade considerada o cartão postal do Brasil no exterior que acontece um dos pontos altos da viagem: um discurso ao povo brasileiro, que será realizado no centro do Rio de Janeiro. O local teria sido escolhido, entre outras opções como a famosa praia de Copacabana, por ser o mais seguro para o contacto do líder americano com populares.

A visita do presidente dos Estados Unidos ao Brasil, esta semana, é tratada por analistas brasileiros como um momento de estreitamento na relação histórica entre os dois países. Obama vem fechar acordos comerciais e falar ao povo brasileiro, mas, sobretudo, afinar o tom de uma relação que, historicamente, passa por altos e baixos.

O professor de Relações Internacionais do Uni-BH, pesquisador da Universidade de Brasília (UNB), Túlio Sérgio Henriques, lembra que a secular relação do Brasil com os Estados Unidos ainda é fundamental para a economia e o posicionamento geopolítico brasileiro. Mas, mesmo assim, muitas vezes, essa relação é de “amor e ódio”:

O especialista pontua que, desde o início do período da República no Brasil, em 1889, os Estados Unidos se tornaram o principal parceiro brasileiro. “Fundamentalmente porque existia uma complementaridade económica em primeiro lugar, isso fez com que os Estados Unidos desde cedo desempenhassem uma função fundamental para a economia e para o posicionamento geopolítico brasileiro no continente americano”. No entanto, neste período, segundo o analista, internamente o Brasil já mostrava uma postura contraditória. “Ao mesmo tempo em que o Brasil precisa dos Estados Unidos, sectores internos que queriam industrializar o Brasil reagem a isso”, explica. Segundo o analista, apesar de tudo, o Brasil nunca entrou em rota de colisão radical com os Estados Unidos. “Procurou-se sempre equalizar essa relação, que vai pendulando, mas o país nunca correu o risco de “ir para o outro lado”, analisa Henriques.

Avançando na História e chegando aos dias actuais, o analista avalia que, com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva o “tom” com os Estados Unidos pode ter subido um pouco e hoje o governo Dilma Rousseff já estaria sinalizando em outra direcção. “Tanto que a presidente quis visitar os Estados Unidos e Obama vem agora, nessa visita de alto nível, fazer o seu papel de tentar recuperar um pouco a relação com o Brasil”.

Para o especialista ainda é forte dentro do Brasil uma matriz de pensamento que reage muito aos Estados Unidos, o que ele considera um equívoco. “Os americanos ainda são os nossos principais parceiros comerciais. Os Estados Unidos têm uma importância na compra de manufacturados brasileiros que a China não tem, o país asiático assume o posto de maior comprador brasileiro, mas de “commodities”, detalha.