O deputado e dirigente da UNITA, Abílio Kamalata Numa, foi chamado a depor perante a comissão de ética e decoro parlamentar da Assembleia Nacional angolana. Em causa, a recente greve da fome levada a cabo, por alegada intolerância política, na província do Huambo.
O secretário-geral da Unita, o maior partido da oposição em Angola, é acusado de ter incitado à violência no planalto central.
As acusações que pesam sobre si, fazem parte de um dossier supostamente elaborado pelo partido no poder e por elementos ligados aos serviços secretos angolanos.
Kamalata Numa nega todas as acusações e questiona o facto de tomar conhecimento sobre o “processo disciplinar” instaurado contra si, através do secretário-geral do MPLA, e em notícia dos órgãos de comunicação social.
Kamalata Numa reitera que a greve de fome foi uma chamada de atenção às autoridades governamentais sobre a prisão ilegal do cidadão António Kaputo, um membro do seu partido detido por içar a bandeira da UNITA e pelos assassinatos de muitos militantes do seu partido.
Aquela comissão do parlamento angolano deverá enviar um relatório sobre a sua versão dos factos ao gabinete do presidente da Assembleia Nacional, para tomar uma decisão sobre o assunto.
Em vários círculos da sociedade angolana este inquérito feito ao secretário-geral da Unita, está a ser interpretado como um aviso prévio da sua eventual suspensão do cargo de deputado à Assembleia Nacional.
De referir, entretanto, o facto de o colaborador da Voz da América Agostinho Gayeta ter sido impedido de fazer a cobertura do depoimento do deputado da UNITA, durante a audição no parlamento.
De acordo com uma nota da Rádio Eclésia, onde o colaborador da VOA também trabalha, o repórter foi forçado a abandonar a Assembleia Nacional por agentes da polícia e trabalhadores do parlamento, por alegadas ordens superiores.
A emissora católica angolana nota que “não é a primeira vez que zelosos agentes de várias instituições impedem o trabalho dos jornalistas desta casa, o que nos últimos dias mereceu o repúdio da organização Repórteres Sem Fronteiras.”
O momento ficou registado. Pode ouvi-lo, clicando na barra abaixo. A voz masculina mais próxima é a de Gayeta. A voz feminina é de uma agente da polícia.