Em Cabo Verde, os artistas tiveram um bom ano, apesar de sobressaltos de percurso, diz a jornalista Chissana Magalhães.
A jornalista cabo-verdiana lamenta, entre outros aspectos, a fraca aplicação da Lei do Mecenato.
Mas, apesar disso e do facto de Cabo Verde ter “um mercado limitado, a vontade de fazer” prevaleceu.
“Os artistas dificilmente conseguem viver da sua arte,” sublinha.
No entanto, ela celebra, por exemplo, conquistas na área de dança e o crescimento do movimento hip hop.
O que, para ela, é resultado do que chama “pujança dos jovens”.
A dança que era muito dominada pelo grupo “Raiz di Polón”, conta Magalhães, viu-se rica com o sucesso, em 2016, do “Mon na Roda”, formado por jovens portadores de deficiência sob a liderança de Miriam Medina.
Sinal dessa notoriedade é o facto de, no último mês do ano, o grupo “Mon na Roda” ter sido aceite como membro do Conselho Internacional de Dança, da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura.
Na música, além do regresso do legendário “Bulimundo”, Cabo Verde, para agrado dos que gostam do lado tradicional, observa Magalhães, viu em 2016 a revelação dos jovens Hilário Silva e Cremilda Medina.
No teatro, o festival “Mindelact chega aos 22 anos ainda com muito a celebrar”.
Na literatura, Magalhães destaca também a publicação do primeiro romance de Osvaldo Osório, aos 79 anos de idade.
Apesar da deficiência visual, diz Magalhães, Osório, “tem essa ousadia de continuar a viver a sua paixão, que é a escrita”.
Em Moçambique, a crise nem tudo abanou…
Num ano marcado por uma crise financeira e o recrudescimento do conflito entre o exército e a Renamo, os artistas moçambicanos resistiram, afirma o jornalista Frederico Jamisse.
“Tivemos um boom cultural, apesar da crise”, diz Jamisse que elege como maior evento o Festival Nacional de Cultura, que decorreu em Agosto, na cidade da Beira, a segunda mais importante do país.
Entre outros feitos, no cinema, Licínio Azevedo estreou o seu “Comboio de Sal e Açucar” e foi o melhor filme no Festival de Joanesburgo; o saxofonista Moreira Chonguiça manteve o festival internacional MoreJazz”; Mia Couto deu continuidade à apresentação da trilogia sobre o imperador Ngungunhane; e Ungulani Baka Khossa lançou no Brasil o livro “Orgia dos loucos".
Também na literatura, Frederico Jamisse destaca a promoção que os escritores iniciaram nas escolas e bairros, com o intuito de conquistar mais leitores.
Acompanhe a entrevista com os dois jornalistas:
Your browser doesn’t support HTML5