Sete dos 17 activistas angolanos acusados dos crimes de rebelião e actos preparatórios de um golpe de Estado dizem não reconhecer “as instituições angolanas sob controlo do grupo dominante, em especial os tribunais”, numa carta posta a circular nesta quinta-feira em Luanda.
Domingos da Cruz, Osvaldo Sérgio Correia Caholo, Arante Kivuko I. Lopes, José Gomes Hata, Inocêncio de Brito, Luaty Beirão e Albano Bingo Bingo revelam nunca ter tido a “ingenuidade e a ilusão de esperar um julgamento conforme recomenda a civilização pós-moderna”.
Para os réus que estão a ser julgados no Tribunal Provincial de Luanda desde o dia 16, ao fim de duas semanas “só assistimos à exibição de supostas provas que não provam nada, que são livros, vídeos feitos por agentes secretos infiltrados nos debates, actas e programas de curso forjados.
Na carta manuscrita, os sete activistas acusam o juiz de exercer duas funções: “acusação e arbitragem”.
“Coloca-se claramente a favor do Ministério Público e em alguns momentos submete-se”, denunciam os réus, que acusam o juiz Januário Domingos José de usar entrevistas extraídas na internet por iniciativa própria.
“Em virtude destas e outras constatações anti-civilizacionais, propomos à esfera pública nacional e global que não tenham expectativa positiva sobre o nosso destino, uma vez que a sentença já está… pelo senhor do poder absoluto”, reiteram os sete réus, concluindo que “este julgamento não passa de uma encenação teatral.
Julgamento
No final da segunda semana de julgamento, nesta sexta-feira, continuou o interrogatório de Afonso Matias ´Mbanza Hamza´.
Questionado pela procuradora Isabel Fançony, o activista reiterou que o ditador é o Presidente da República José Eduardo dos Santos porque viola as leis do país.
Até agora, foram ouvidos Nito Alves, Hitler Samussuko Tchikunde, Domingos da Cruz, Nuno Álvaro Dala e Mbamza Hamza, que não responderam a muitas perguntas do Ministério Público.
Inocêncio de Brito começará a ser ouvido na segunda-feira.
Em termos gerais, a acusação diz que os réus pretendiam “mobilizar a população de Luanda para uma insurreição e desobediência civil colectiva, com a colocação de barricadas nas principais artérias da cidade capital e a queima de pneus em locais onde haja maior afluência de cidadãos estrangeiros”.
Os réus negaram a acusação.