A polícia angolana deteve nesta segunda-feira vários jovens que manifestavam o seu apoio aos 17 activistas que continuam a ser julgados do Tribunal Provincial de Luanda pelos crimes de rebelião e actos preparatórios de golpe de Estado.
Com cartazes a pedir a liberdade dos activistas, os jovens foram levados para parte incerta, tal como aconteceu na passada sexta-feira com duas dezenas de manifestantes.
O correspondente da VOA em Luanda Coque Mukuta foi detido por 40 minutos quando tirava fotos da manifestação, mas foi libertado “por ordens superiores”.
O julgamento foi retomado com o interrogatório do professor Domingos da Cruz, autor do livro “Ferramentas para Destruir o Ditador e Evitar Nova Ditadura: Filosofia Política da Libertação para Angola”, que serve de base da acusação.
Depois da leitura da obra na íntegra na quinta e sexta-feiras, o Ministério Público apresentou hoje vídeos de reuniões dos activistas, gravados por um cidadão de nome Domingos Francisco, segundo o juiz Januário Domingos José.
Luís de Nascimento, membro da equipa de defesa, protestou por o autor dos vídeos não ter tido nenhum mandado judicial para o fazer, mas o juiz permitiu que os vídeos fossem exibidos.
O advogado mantive o protesto e garante que a defesa vai usar este facto para pedir a anulação do julgamento junto do Tribunal Superior.
Um dado curioso é que, ao contrário do que se chegou a dizer, o autor dos Domingos Francisco não pertence ao autodenominado Movimento Revolucionário e os activistas dizem desconhecer qualquer pessoa com esse nome.
Refira-se ainda que cinco dos réus enfrentam agora também a pena de destruição de bens públicos, depois de a procuradora Isabel Françony ter visto inscrições contra o regime e a favor da inocência dos mesmos na t-shirts do activista Hitler Chiconda “Samussuku”.
Acto contínuo, outros quatro activistas fizeram inscrições semelhantes, entre eles Luaty Beirão que, interrogado por Françony, justificou as inscrições como sendo em solidariedade a Hitler.
Na sessão de hoje encontram-se na sala apenas os réus já ouvidos, Nito Alves e Hitler Chiconda “Samussuku”, e Domingos da Cruz cujo interrogatório continua.