Os padres Jorge Casimiro Congo, Raul Taty e Alexandre Pambo, foram afastados do exercício clerical segundo um decreto papal, dado a conhecer aos fiéis católicos em Cabinda.
A notícia do afastamento dos três sacerdotes foi tornada pública durante os cultos dominicais em várias paróquias da Diocese, mediante um comunicado assinado pelo bispo de Cabinda, Dom Filomeno Vieira Dias.
O documento, segundo alguns sacerdotes contactados pela Voz de América, não faz referência às razões que levaram a redução ao exercício sacerdotal das,até agora, tidas como as mais emblemáticas figuras do clero cabindês e das que mais se bateram pela situação dos Direitos Humanos e da auto-determinaçao do enclave.
A nota, segundo os sacerdotes, afasta difinitivamente o antigo vigário-geral da Diocese de Cabinda e os párocos da igreja da Imaculada Conceiçao e da Sé Catedral: Raúl Taty, Jorge Congo e Alexandre Pambo, respectivamente,ficando afastados de todas as celebrações eucarísticas e a administração de sacramentos segundo os custumes da Igreja Católica Apostolica Romana.
O decreto papal foi exarado no dia 16 de Abril e só foi tornado público na passada sexta-feira, por iniciativa do bispo da diocese, após este ter convocado dois dos três sacerdotes ao Paço Episcopal.
Entretanto, o afastamento de Raul Taty e de Jorge Casimiro Congo foi acelerado e mediatizado pelo seu involvimento no processo político de Cabinda. Os seus pronunciamentos e posições foram, ao longo dos últimos anos,combatidos pelo governo e por alguns círculos da Conferencia Episcopal de Angola e S.Tomé devido à alegada utilização do altar e da batina para fins políticos.
A situação agravou-se para os dois sacerdotes com a indicação de Filomeno Vieira Dias para Bispo da Diocese, uma nomeaçao abertamente contestada pelo clero de Cabinda pela sua ligação familiar a algumas figuras do poder.
Raul Taty, nas vestes de vigário-geral da diocese é alegadamente responsabilizado pela hieraquia da Igreja Católica de não ter tomado uma posição dura contra os contestatários do bispo enquanto Jorge Casimiro Congo é penalisado pela agressão ao bispo Dom Eugenio dal Corso, ocorrida na Paróquia de Imaculada Conceição, onde na altura era pároco.
As razões profundas e a sucessão de factos em relação ao afastamento dessas figuras do clero de Cabinda estão longe de serem conhecidas pelos fiéis, dada a natureza secreta das decisões da Igreja. Contudo, esta situação agudiza o clima de de indiferença que se vem registando no relacionamento entre o bispo de Cabinda com os seus fiéis.
Alguns sacerdotes observaram que a situação é delicada para a segurança dos três sacerdotes e temem que, à semelhança ao que recentemente aconteceu com o padre Raul Tati, conduzido a prisão por crimes contra a segurança do Estado, o padre Casimiro Congo venha conhecer a mesma sorte a julgar pela perseguição que diz ser vítima por parte dos órgãos da segurança do Estado.
Manifestam ainda a sua indignação pela decisão da Igreja pelo facto de existir em posse da diocese e do Vaticano pedidos de sacerdotes, a exemplo do padre Gervásio André Pucuta, que, apesar de ter solicitado há mais de 8 anos o abandono ao exercício sacerdotal, a Santa Sé, pelo que se saiba, ainda não tomou qualquer decisão.