O jornalista e activista angolano, Rafael Marques de Morais, considera que depois do conflito armado a corrupção tem sido o principal factor de instabilidade em Angola.
Em declarações a Voz da América, Marques referiu que, corrupção é causa mais importante da violência politica que, para ele, assumiu contornos catastróficos em Angola.
Segundo aquele activista, a violência é o único meio que o regime do presidente José Eduardo dos Santos encontrou para preservar o que descreve como “roubos que têm sido feitos ao longo dos anos contra o património público”.
“As pessoas usam hoje a função pública para benefícios privados. Essa situação atingiu um ponto de caos e anarquia total,” disse Maques, acrescentando que “desde o presidente da república até ao funcionário de limpeza o Estado está hoje a ser privatizado e de uma forma preocupante. Dai que não haja grandes possibilidades deste poder fazer uma transição para uma verdadeira democracia sem receio de perder as fortunas que tem estado a acumular de forma ilícita.”
O ideário democrático pode, em determinadas circunstâncias, operar como recurso de legitimação do regime vigente em Angola, prossegue o activista.
Rafael Marques considera que a violência politica, enquanto essência do regime angolano, tem vindo a aumentar no país e demonstra uma potencial fragilidade da governação que descreve como “de cariz autoritário excludente e repressivo”.
“A violência é a essência do próprio regime e a corrupção e seu modus operandi. A corrupção é que motiva os dirigentes do MPLA a terem cargos públicos.”
Refira-se que o baixo nível de oferta dos serviços essências básicos as populações originou, nos últimos anos, a eclosão de um movimento juvenil não violento de “poder popular” em Angola, reivindicando mudanças nas estruturas socias e respeito pelos direitos humanos fundamentais.
Essas manifestações anti-governamentais têm chamado a atenção da repressão, tal como aconteceu no passado dia 10 de Março em Benguela e Luanda.
Marques defende que uma transição democrática não violenta tenha oportunidade num país que viveu mais de trinta anos de conflito armando
“É mentalidade neocolonial que conforma e dá forma a existência desse poder e as suas acções,” explicou o activista, afirmando que “tem de haver um diálogo serio para que possa haver uma transição (pacífica) de formas que muitos deles (governantes) se possam reformar com alguma tranquilidade”.
Rafael Marques de Morais é um jornalista e pesquisador, com especial interesse sobre a economia politica de Angola e os direitos humanos. Ele nega estar por detrás das manifestações em Angola, mas congratula-se com os jovens que impulsionaram os movimento e estão a direccionar o poder dos protestos não violentos em Angola.