A morte do antigo ditador líbio marcou o cair do pano de um dos maiores regimes déspotas do continente, ao mesmo tempo que simbolizou a terceira vitória de uma revolução popular em cadeia que teve o inicio na Tunísia ainda em princípio deste ano.
A Primavera árabe varreu em 10 meses três regimes dos mais temíveis, mais o futuro na região e mesmo no continente continua a ser uma obra do acaso.
Esta semana o partido Ennahda na Tunísia ganhou com surpresa as eleições levantando preocupações das potências ocidentais que receiam que a eleição de correntes islâmicas representa uma ameaça a harmonização político-social.
Também no Egipto onde as eleições deverão ter lugar dentro de um mês, o partido da Irmandade Muçulmana é dado como favorito.
Na Líbia, o governo provisório já ditou a regras do jogo político, afirmando que a Sharia será a base de toda a organização politico-social.
Além dessas perspectivas, a Primavera Árabe tem o significado de um movimento de mudança cuja dinâmica está para lá dos limites geográficos dos três países alvos, a ponto de ser percebido como uma expressão política continental. Os seus efeitos ainda não foram cabalmente estudados, e as suas dinâmicas não serão limitadas no tempo.
Fafali Koudawo é politólogo e académico guineense e analisa a era do pós Primavera Árabe em África. Ele evoca as relações e sobretudo as expectativas do Ocidente no Magreb e também o simbolismo desses movimentos nacionalistas no continente africano.