O governo de Benguela proibiu a manifestação convocada pela organização não-governamental Omunga para o próximo dia 17 do corrente exigindo a demissão de Suzana Inglês da presidência da Comissão Nacional Eleitoral e o fim da repressão policial.
Em carta dirigida à Omunga, o governo de Benguela justifica a sua proibição com dois argumentos.
Primeiro, alega que a organização não tem personalidade jurídica por não ter depositado a certidão de constituição no governo provincial. Para o efeito dá o prazo de 24 horas para que a Omunga o faça.
No segundo argumento, as autoridades consideram a manifestação um acto político que choca com o objecto social da mesma organização.
Por seu, turno a Omunga mantém a decisão de sair às ruas, afirmando haver falta de argumentos legais concisos da parte das autoridades para a proibição do acto público e informou através dum comunicado a que “Voz da América” teve acesso, que vai iniciar um processo de negociação com o governo local para se chegar à razão.
O clima é de tensão na província e uma milícia que havia assumido publicamente autoria da violência ocorrida durante as manifestações no passado dia 10 de Março, em Luanda, de que resultaram ferimentos graves, prometeu exercer represálias de forma mais violenta contra todos aqueles que insistirem em realizar manifestações em qualquer parte do país.
Em entrevista à “TPA - Televisão Publica de Angola” um dos supostos membros dizia fazer parte dum grupo para paz e democracia.
“Reagimos e continuaremos a reagir mas com determinação, se essas acções forem continuaremos a reagir” disse um dos membros do suposto grupo, acrescentando que “ se eles pensam que vão “somalizar” Angola com o apoio de Abel Chivuvuku e de outras figuras estão enganados.”
Refira-se que em véspera das manifestações de 10 Março em Benguela circulavam panfletos, dum grupo denominado “Movimento Pacifico”, com o mesmo conteúdo, relacionando a manifestação com o retorno ao conflito armado.
Num dos seus programas, a “Rádio Benguela” incentivava à violência contra os manifestantes, apelando à juventude a não aderir à manifestação alegando que os organizadores pretendiam criar instabilidade no país.
Em comunicado, a organização não-governamental ADRA condenou aquilo que considera violência politicamente motivada ocorrida em Benguela e Luanda para restringir um direito consagrado constitucionalmente.
Já o Bloco Democrático apela à comunidade internacional para a tomada de consciência de que o processo de democratização em Angola corre sérios riscos e que se está perante um endurecimento do regime autoritário instalado.