6 Jan 2011 - Na Costa do Marfim, o governo do presidente cessante Laurent Gbagbo rejeitou os apelos para o reforço do contingente de capacetes azuis, afirmando que esta força das Nações Unidas devia abandonar o país.
Os aliados de Gbagbo acusam a ONUCI de violação do princípio de neutralidade.
O chefe da missão de capacetes azuis disse que precisa de mais dois mil homens nas próximas semanas para reforçar o contingente militar da ONU, no âmbito dos esforços para manter a calma e encontrar uma solução a crise política que se instalou depois das eleições presidenciais.
No entanto, o presidente cessante Laurent Gbagbo diz por sua vez que os cerca de 10 mil capacetes azuis devem deixar o país. O ainda presidente diz que a ONUCI perdeu a confiança dos costa-marfinenses e está a interferir-se nos assuntos internos do país.
Alcide Djédjé é o ministro dos negócios estrangeiros no governo de Gbagbo ediz que a missão das Nações Unidas na Costa do Marfim foi desviada do seu papel inicial e está agora em cumplicidade com os rebeldes. Djédjé adianta ainda que o governo de Gbagbo não pode aceitar uma tal situação, e por não confiar mais nos capacetes azuis, eles devem partir.
Alguns dos efectivos da ONUCI estão a proteger a instância turística onde se instalou Alassane Ouattara durante as eleições, e onde os antigos rebeldes encontram-se igualmente na companhia do presidente eleito.
O ministro dos negócios estrangeiros de Gbagbo diz que os militares não podem tolerar a presença de 300 combatentes fortemente armados nas instalações do hotel, que fica próximo da residência do presidente cessante. Alcide Djédjé adiantou que o cerco ao hotel Golf é uma medida de segurança e que só será levantado depois de os rebeldes regressarem as suas posições no norte do país.
O presidente Gbagbo tinha concordado em levantar o cerco e participar sem pré-condições nas negociações com os chefes de Estados mediadores da CEDEAO. Mas o organismo regional diz que a disponibilidade de Gbagbo não anula a sua ameaça de recurso a força para o remover do poder.
James Gbeho é o presidente da aliança regional da CEDEAO.
“Se não há esperança para uma saída pacífica da situação, o recurso militar pode ser considerado como passo para a solução sustentável da crise na Costa do Marfim.”
Gheho diz que os líderes da África Ocidental compreendem o perigo que representa o recurso à força militar, numa altura que Laurent Gbagbo controla as forças armadas.
O presidente eleito Alassane Ouatara por seu lado, disse a televisão francesa que a intervenção militar regional não irá conduzir a retoma da guerra civil, e que acredita que os líderes regionais irão usar todos os meios, incluindo a força legítima para destituir Gbagbo.
O ministro da juventude do governo de Laurent Gbagbo, Charles Blé Goudé disse por sua vez num comício em Abidjan que Ouattara engana-se ao pensar que as forças estrangeiras vão lhe conceder o poder.
Charles Blé Goudé disse que nenhum exército, seja que poderoso for, poderá remover Laurent Gbagbo do poder e instalar Alassane Ouattara como presidente. Isso jamais aconteceria em Abidjan, porque os apoiantes de Gbagbo não iriam aceitar.