Vários líderes da África Ocidental encontram-se em Abidjan para conversações com os dois presidentes rivais da Costa do Marfim para tentar ultrapassar a crise eleitoral que já obrigou milhares de pessoas a refugiarem-se na vizinha Libéria
Tanto a União Africana como a Comunidade Económica dos Países da África Ocidental reconheceram o antigo primeiro-ministro Alassane Ouattara como o novo presidente eleito da Costa do Marfim.
O objectivo da missão daqueles dirigentes africanos será portanto tentar convencer o presidente cessante Laurent Gbagbo a abandonar o poder. No entanto Gbagbo não parece nada interessado em fazê-lo e tem vindo a acusar governos estrangeiros de estarem a fomentar um golpe no seu país.
A possibilidade de conversações entre os dois rivais marfinenses parece entretanto pouco provável e ambos os lados não chegam sequer a acordo acerca do teor das mesmas. Os líderes africanos salientaram que se deslocaram a Abidjan para reiterar os seus apelos para que Gbagbo se afaste do cargo.
O porta-voz do presidente da Serra Leoa Ernest Bai Koroma, afirmou que o afastamento de Gbagbo não é negociável. Contudo essa opinião não é partilhada pelo presidente cessante tal como sublinhou um dos seus assessores o embaixador Yao Gnamien. “Eles não vieram aqui para negociar a partida do presidente Gbagbo. Eles vieram à Costa do Marfim para um processo negocial de modo a podermos encontrar uma solução pacífica para a crise “ disse Gnamien.
O presidente nigeriano Goodluck Jonathan afirmou por seu lado que os líderes da África Ocidental vão decidir o que vão fazer a seguir na sequência das conversações de hoje que incluem igualmente o medianeiro da União Africana para a crise na Costa do Marfim, o primeiro-ministro queniano, Raila Odinga. A aliança oeste-africana afirmou que estava a considerar o recurso à força para afastar Gbagbo. Contudo ele ainda é apoiado pelos militares marfinenses e tal intervenção teria custos elevados. Segundo Gbagbo, Ouattara não deve esperar que forças estrangeiras o ajudem e apelou mesmo á partida dos capacetes azuis da ONU que estão a guardar o seu hotel.
Quanto a Ouattara afirma que milícias afectas a Gbagbo estão a matar os seus apoiantes e apelou ao Tribunal Penal Internacional para investigar os alegados incidentes. As Nações Unidas disseram que mais de 170 pessoas já morreram em consequência da violência pós eleitoral. A crise já obrigou igualmente mais de 20 mil marfinenses a refugiarem-se na Libéria. Malek Triki do Programa Alimentar Mundial, descreveu assim a sua situação: “ muitos deles vieram sem comida, sem nada. Das poucas coisas que trouxeram, cabritos por exemplo, vão ter que vendê-los por um preço irrisório só para poderem comprar comida e água.”
Estimativas das agências humanitárias indicam que cerca de 450 mil pessoas poderão ficar deslocadas internamente na Costa do Marfim e que outras 150 mil poderão eventualmente procurar refúgio na Libéria, Guiné, Mali, Burkina Fasso e Gana.
Vários líderes da África Ocidental encontram-se em Abidjan para conversações com os dois presidentes rivais da Costa do Marfim para tentar ultrapassar a crise eleitoral que já obrigou milhares de pessoas a refugiarem-se na vizinha Libéria