5 Jan 2010 - Na Costa do Marfim após um dia de esperança numa solução política, a incerteza e a ansiedade regressaram: o presidente Laurent Gbagbo não levantou (como prometera) o cerco ao hotel em Abidjan onde reside o seu rival, Alassane Ouattara.
E Gbagbo, tendo dito que aceita negociar uma saída para a crise, sem pré-condições, ainda não concordou em transferir o poder para o seu rival, Ouattara, reconhecido universalmente como o vencedor das últimas presidenciais.
A CEDEAO aproveita para dizer que, apesar da anunciada realização de negociações, mantém a ameaça de depor Gbagbo pela força, até que ele aceite abandonar o poder.
"Deixem-me dizer sem margem para equívocos que a opção militar continua na mesa" – declarou James Gbeho, da CEDEAO.
Esclareceu, no entanto, que a sua organização e a União Africana, tencionam explorar todas as avenidas para uma solução pacífica, ainda que a probabilidade de êxito seja diminuta. Afirmou que, dos contactos com Gbagbo e Ouattara, ficou a ideia de que será possível um acordo para evitar a via militar.
Uma vez que Gbagbo ainda controla o exército, uma operação militar para o retirar do poder seria potencialmente sangrenta. E muitos imigrantes dos países da CEDEAO na Costa do Marfim, ficariam sujeitos a represálias.
James Gbeho afirma que a CEDEAO está ciente das dificuldades, mas não hesitará em recorrer à força, se for necessário: "Nós estamos conscientes dos perigos da opção pela via da força, particularmente num país como a Costa do Marfim. Trata-se de uma opção que deve ser considerada com muita ponderação. Mas se for preciso recorrer à força é isso mesmo que vai acontecer".
Os mediadores africanos dizem que em caso algum aceitarão uma partilha do poder; que Ouattara é o vencedor legítimo das eleições, e que Gbagbo tem que se ir embora. Há até a hipótese de vir viver para os Estados Unidos, no estado da Geórgia, onde tem familiares. Mas para já, todas as indicações que ele dá, é de que não cede o poder.