6 Jan 2011 - Sendo Cabo Verde um país formado por ilhas, os transportes marítimos
assumem uma importância transcendente, visto que são os mais utilizados por uma parte significativa da população, para a circulação entre os diferentes pontos do arquipélago.
Embora o país esteja bem servido em matéria de transportes aéreos internos, já que existem três companhias que garantem a ligação inter-ilhas (duas comerciais e uma charter) a via marítima continua a ser alternativa para a maioria das pessoas, tendo em conta as passagens aéreas que nem sempre todos os bolsos podem pagar.
Na década de oitenta o arquipélago já esteve bem servido em termos de navios de longo e médio curso (ligação inter-ilhas), situação que se alterou nos anos noventa com a privatização da Campainha de Navegação Arca Verde. A partir dessa altura as ligações passaram a ser feitas de forma esporádica para determinadas ilhas, isso porque os novos proprietários dos navios davam prioridade as linhas mais rentáveis.
Perante esse novo cenário, algumas ilhas com realce para a Brava…única ilha habitada do arquipélago que não possui um aeródromo (aeroporto), começaram a sentir muitas dificuldades para a ligação com os demais pontos do país. Para minimizar o problema o estado passou a subsidiar algumas linhas consideradas deficitárias.
Assim surge o projecto Cabo Verde Fast Ferry, iniciativa de empresários cabo-verdianos nos Estados Unidos da América, com a parceria das Câmaras Municipais e Governo cabo-verdiano. Por se tratar de um projecto de grande envergadura, já que os barcos tinham de ser pensados e construídos para a realidade das aguas marítimas cabo-verdianas, neste
caso absorvendo avultados meios financeiros, os promotores resolveram colocar as obrigações a venda na Bolsa de Valores, operação que foi bem sucedida.
Construído em Singapura, o primeiro catamaran “Kriola” já está no país, devendo fazer a viagem inaugural dentro de dias, viagem que contará com a presença de várias individualidades, incluindo emigrantes vindos da Europa e dos Estados Unidos da América… país que acolhe a maior comunidade de emigrantes da Brava - a única ilha que não possui um aeroporto e que, certamente, sairá do isolamento a que se encontrava.
O Kriola irá fazer ligações entre as ilhas do Sotavento ou seja, Santiago, Fogo, Brava e Maio, enquanto o outro ferry “Liberdade” que chegará ao país em Abril próximo, ligará as ilhas de Sotavento: São Vicente, Sto Antão, S.Nicolau, Boa Vista e Sal. São duas embarcações modernas, rápidas com capacidade para transportar 158 passageiros, 20
carros ligeiros e três camiões em sistema contento rizado.
Falando à VOA o presidente da Câmara da Brava descreve a chegada do Kriola com enorme satisfação. Segundo Camilo Gonçalves, trata-se de uma satisfação redobrada, já que a Brava passará doravante a estar mais no mapa nacional e por ser também um dos
impulsionadores do projecto que servirá outras ilhas do país.
"Gonçalves disse sentir uma "emoção muito forte" e uma "alegria imensuravel". Considerou viver a "realização de um sonho... Desde 2000 que me desdobro em contactos internacionais para ver se conseguia um barco."
Entrevistado pela reportagem da VOA na cidade da Praia, João de Deus Carvalho e Silva, director do Instituto Marítimo Portuário, destaca a importância que representa para Cabo Verde a chegada do ferry Kriola, sublinhando que "Cabo Verde como um país formado por ilhas deve apostar nos transportes maritimos".
Segundo João de Deus Carvalho, com a entrada em funcionamento dos Ferry boat " Kriola" já no país e "Liderdade" com chegada prevista para Abril próximo, o país ficará bem servido em matéria de transportes marítimos.