Em Espanha o escândalo da venda de equipamento policial a Angola alastra-se agora a outras personalidades angolanas.
Depois de Armando da Cruz Neto, o nome agora mencionado é o do comissário chefe da polícia, Ambrósio de Lemos.
Em 2008, duas empresas espanholas, a Defex e a Comercial Cueto 92, formaram o que na legislação comercial espanhola é conhecido como uma "Union Temporal de Empresas" (UTE), que nesse mesmo ano firmou um contrato com Angola para o fornecimento de equipamento policial no valor inflacionado de cerca de 153 milhões de Euros.
Pouco mais de 41 milhões foram transferidos para um banco do Luxemburgo sem razão comercial ou actividade comercial justificativa e foi isso que despoletou a investigação que levou à prisão várias personalidades espanholas.
Os acusados pela justiça espanhola terão falsificado facturas e outros documentos para tentar “lavar” os fundos.
As autoridades espanholas disseram inicialmente que como beneficiários desses fundos figuram os acusados espanhóis e o que chamaram de “familiares de funcionários públicos da República de Angola”.
Em tribunal, foi dito que uma das pessoas que terá alegadamente recebido fundos desse negócio é o general Armando da Cruz Neto, que foi Embaixador de Angola na Espanha, entre 2003 e 2008, e mais tarde governador de Benguela.
Agora a Unidade Central Operacional da Guarda Civil espanhola diz que aquelas duas empresas cobriram as despesas médicas e de alojamento em Madrid de Ambrósio de Lemos, comissário da polícia nacional angolana, de sua esposa Ana Freire e de um parente não identificado.
Citada pela imprensa espanhola, a guarda civil diz que esses gastos foram pagos com fundos que haviam sido desviados, pois embora o contracto de venda fosse de cerca de 153 milhões de Euros, o material valia apenas 50 milhões.
Segundo a imprensa espanhola, as autoridades policiais do país dizem que Ambrósio de Lemos embolsou três milhões de Euros por esse contracto e a sua esposa recebeu 15 mil euros.
As autoridades do Luxemburgo, que detectaram as transferências de milhões de Euros despoletando o escândalo, disseram que houve uma transferência de três milhões de Euros para uma companhia denominada Abangol.
Mas o caso complica-se porque anteriormente notícias na imprensa espanhola indicavam que a Abangol era provavelmente um empresa fictícia e que estava ligada ao general Armando da Cruz Neto.
Por outro lado, a policia espanhola diz que como parte da operação de aliciamento de entidades angolanas, as companhias envolvidas gastaram um milhão e meio de Euros em cabazes de natal para diversas entidades angolanas.
As companhias alegaram que se tratava apenas de mera atenção protocolar.