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Angola defraudada em milhões de dólares em negócio de polícia


Material para a polícia angolana não foi entregue. Dez pessoas presas em Espanha e no Luxemburgo

O Governo angolano foi defraudado em milhões de dólares num negócio com uma companhia espanhola para venda de material policial a Angola, revelaram as autoridades espanholas.

Milhões de dólares foram depositados em contas em “paraísos fiscais”, mas de momento desconhece-se quem terá beneficiado desses desvios.

Com efeito, a polícia espanhola prendeu nove pessoas e, no Luxemburgo, foi presa uma advogada depois das autoridades deste último país terem detectado a entrada de grandes quantidades de dinheiro cuja proveniência não podia ser justificada.

As investigações revelaram que esses fundos eram parte de um contrato de 207 milhões de dólares para o fornecimento de material policial subscrito em 2008-2009 e que envolveria a empresa espanhola, Defex que se especializa na promoção e exportação de produtos e serviços espanhóis

Segundo fontes ligadas às investigações apenas parte do material comprado por Angola chegou a este país.

Operações Secretas em Espanha, Luxemburgo e Portugal

A advogada presa no Luxemburgo, Beatriz Garcia Peza, esteve alegadamente envolvida na construção de uma estrutura financeira para branquear os fundos do negócio e depositá-los em contas bancárias na Suíça, Ilhas Caimão, Gibraltar, Hong Kong, Madeira e Luxemburgo.

Desconhece-se de imediato se há personalidades angolanas ligadas a essas contas. A imprensa espanhola diz, citando as autoridades, que essas contas beneficiavam membros das empresas envolvidas bem como responsáveis pela adjudicação do contrato mas não foram dados outros pormenores.

Em 2013 as autoridades do Luxemburgo notaram a entrada de enormes fundos monetários vindos de Espanha sem justificação aparente e juntamente com as autoridades espanholas lançaram a uma investigação com o nome de código Operação Angora.

A polícia espanhola e o Luxemburgo efectuaram 15 rusgas hoje, 11, antes das prisões. Uma outra rusga foi efectuada em Portugal mas desconhecem-se quaisquer detalhes.

Durante as rusgas foram confiscadas enormes quantias de dinheiro em diversos câmbios, nomeadamente 116 mil euros, 16 mil dólares e duzentas libras, além de material informático e documentação.

As autoridades nesses países bloquearam também contas bancárias e confiscaram imóveis e veículos.

Família de advogada com relações a Angola

A advogada presa no Luxemburgo é sobrinha de Francisco Pesa que no passado esteve já relacionado com negócios fraudulentos na venda de armas a Angola.

A empresa Defex envolvida no negócio da venda de material polícia a Angola é controlada em 51% pela empresa estatal espanhola, Sociedad Estatal de Participaciones Industriales ( SEPI) sendo os restantes 49% controlados por interesses privados.

A SEPI disse hoje, num comunicado, acreditar que a actuação da DEFEX no negócio foi feita "conforme de direito", acrescentando confiar que não haja qualquer tipo de irregularidade ou delito que possa ser imputado à empresa.

A SEPI instou a Defex a colaborar totalmente com as autoridades.

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