Pode ascender a 159 milhões de dólares a quantia desviada dos cofres angolanos num negócio com uma companhia espanhola para a venda de material à polícia nacional de Angola.
Informações divulgadas em Espanha afirmam que do total de 206 milhões de dólares facturados a Angola para a compra desse material, apenas 47 milhões teriam sido pagos às companhias fornecedoras.
Anteriormente tinha sido revelado que 56 milhões de dólares foram transferidos para um banco no Luxemburgo, o que alertou as autoridades locais.
Dez pessoas foram presas tendo nove já comparecido preliminarmente em tribunal.
Um advogada sediada no Luxemburgo e presa neste país foi extraditada para Espanha, onde deveria ainda comparecer em tribunal esta segunda-feira. Essa advogada é acusada de formar a rede de lavagem dos fundos com depósitos em contas bancárias através do mundo.
Nas audiências anteriores foi afirmado que os beneficiários da sobre facturação são os acusados e “familiares de funcionários públicos angolanos”.
Parlamentares angolanos reagem
Em Luanda, oparlamentar da Unita Liberty Chiaka disse que a Assembleia Nacional angolana deveria investigar as acusações.
Para Chiaka urge a necessidade do parlamento abrir um inquérito parlamentar, para se apurar todas estas denúncias.
“É mau que nos outros países se investiguem os corruptos enquanto aqui no país lavamos as mãos", acrescentou.
Por seu turno, o deputado pela Casa-CE Leonel Gomes disse que actos como estes de corrupção a envolver personalidades angolanas já não constituem novidade para ninguém.
"Não é nada novo porque, infelizmente, nós vivemos uma corrupção institucionalizada, desvios do erário publico, dinheiros publicos mal parados, negócios feitos por debaixo da mesa à margem da lei", disse.
Contudo, o parlamentar pede que se deixe o processo em Espanha chegar ao fim, para que se tire ilações concretas sobre este caso.
Por sua vez, o deputado pelo Mpla João Pinto, na qualidade de professor de direito, pede muita prudência e cautela na análise deste tipo de acusações, pois há que ter em conta as leis e a forma dos argumentos e factos apresentados.
Pinto sugere igualmente que se aguarde pelo andamento do processo.
"Não há dois julgamentos, deve-se esperar que o processo decorra normalmente lá onde começou, tomando sempre em conta o princípio da presunção de inocência, o que não obsta que os órgãos competentes e autónomos possam averiguar se estão envolvidos cidadãos angolanos e se essas empresas operam no país", concluiu.