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Angolanos beneficiaram de fraude em negócio com a Espanha


Mais de 56 milhões de dólares transferidos ilegalmente em negócio policial

Personalidades angolanas beneficiaram do desvio de pouco mais de 56 milhões de dólares de um contracto com uma companhia espanhola para fornecer equipamento à polícia nacional angolana.

O facto foi revelado numa audiência num tribunal espanhol em que compareceram nove pessoas presas acusadas de vários crimes relacionados com o desvio dos fundos.

Uma advogada espanhola detida no Luxemburgo foi extraditada para Espanha devendo comparecer em tribunal na Segunda feira.

Segundo os dados divulgados em tribunal duas companhias espanholas, Defex e Comercial Cueto 92 formaram o que na legislação comercial espanhola é conhecido como uma Union Temporal de Empresas (UTE) que firmou um contracto com Angola para o fornecimento de equipamento policial no valor de 207 milhões de dólares.

Segundo os dados revelados na audiência cerca de 56 milhões de dólares (41,4 milhões de Euros) foram transferidos para um banco do Luxemburgo sem razão comercial ou actividade comercial justificativa. Os acusados terão falsificado facturas e outros documentos para tentar “lavar” os fundos.

Como beneficiários desses fundos figuram os acusados e “familiares de funcionários públicos da Republica de Angola”, foi revelado no tribunal.

A acusação afirma que os detidos “se concertaram com funcionários angolanos para através do contracto de entrega de material à polícia levar a cabo uma apropriação patrimonial ocultada desviada para o estrangeiro mediante um complexo esquema de sociedades em paraísos fiscais”.

Não foram reveladas as identidades destes “funcionários” angolanos.

Anteriormente a polícia tinha afirmado que a advogada presa no Luxemburgo Beatriz Garcia Peza, esteve alegadamente envolvida na construção dessa estrutura financeira para branquear os fundos do negócio e depositá-los em contas bancárias na Suíça, Ilhas Caimão, Gibraltar, Hong Kong, Madeira e Luxemburgo.

FIANÇA RECUSADA A PRESIDENTE DA DEFEX

A audiência em tribunal destinou-se a analisar a possibilidade dos detidos serem libertados sob fiança.

O Juíz Pablo Ruz ordenou a prisão sem fiança do antigo presidente da Defex, José Ignácio Encinas Charro e três outros acusados, nomeadamente Juan Carlos Cueto Martins, conselheiro da Cueto, Manuel Iglesias Sarria e Angel Maria Larumbe, ambos directores da Defex.

O juiz ordenou a liberdade sob fiança de 272 mil dólares de Icíar de Iraola, esposa de Cueto Martins e liberdade sob fiança de 27 mil dólares para Enrique Francisco Gomez Cuesta, connselheiro da companha Defex.

Os três outros acusados foram postos em liberdade condicional, tendo os seus passaportes confiscados e a obrigação de se apresentarem ás autoridades semanalmente.

OPERAÇÃO ANGORA

As prisões foram o resultado da Operação Angora lançada pelas autoridades de Espanha, Luxemburgo e Portugal quando as autoridades do Luxemburgo notaram a entrada de enormes fundos monetários vindos de Espanha sem justificação aparente e juntamente com as autoridades espanholas lançaram a uma investigação com o nome de código Operação Angora.

A polícia espanhola e o Luxemburgo efectuaram 15 rusgas, antes das prisões. Uma outra rusga foi efectuada em Portugal mas as autoridades portuguesa têm mantido silêncio sobre a sua participação que se presume esteja ligada ao facto de haver indícios de contas bancárias terem sido abertas na Madeira.

Durante as rusgas foram confiscadas enormes quantias de dinheiro em diversos câmbios, nomeadamente 116 mil euros, 16 mil dólares e duzentas libras, além de material informático e documentação.

As autoridades nesses países bloquearam também contas bancárias e confiscaram imóveis e veículos.

A advogada presa no Luxemburgo é sobrinha de Francisco Pesa que no passado esteve já relacionado com negócios fraudulentos na venda de armas a Angola.

A empresa Defex envolvida no negócio da venda de material polícia a Angola é controlada em 51% pela empresa estatal espanhola, Sociedad Estatal de Participaciones Industriales ( SEPI) sendo os restantes 49% controlados por interesses privados.

Segundo informações anteriormente reveladas apenas parte do material comprado por Angola chegou a este país.

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