Em Moçambique,regista-se um caso de tráfico de partes do corpo humano, com preferência por órgãos genitais, de duas em duas semanas, para utilização em rituais de feitiçaria - revela um estudo elaborado pela Liga Moçambicana dos Direitos Humanos, agora revelado em Maputo, admitindo-se que a frequência possa ser superior.
Aquele documento foi elaborado ao longo de 14 meses, na sequência um trabalho de campo envolvendo mais de 300 testemunhos pessoais em todas as províncias de Moçambique e da África do Sul. De acordo com a dra. Susana Ferreira, que teve este estudo a seu cargo, as regiões mais afectadas são as províncias moçambicanas de Tete, Cabo Delgado e Zambézia e as de Kwazulu Natal e de Eastern Cape, na África do Sul.
Foram identificadas 39 partes do corpo humano retiradas das vítimas e destinadas para fins de feitiçaria. Nalguns dos casos documentados, órgãos e membros do corpo humanos foram colhidos das vítimas enquanto estas ainda estavam vivas.
Os investigadores entrevistaram e fotografaram os sobreviventes. Entre os casos reais documentados cita-se o de uma mulher estéril, que queria engravidar, e que usava um “cinto” feito de órgãos sexuais de crianças.
A Liga Moçambicana dos Direitos Humanos pretende com este estudo motivar os parlamentos moçambicano e sul-africano a criar legislação – hoje inexistente – para punir casos de tráfico de partes do corpo humano. A África do Sul é o país de destino desse tráfico, enquanto que o país de oferta é Moçambique.