A Renamo acusou o Governo moçambicano de mentir ao país para escamotear um alegado "golpe do baú" do anterior Executivo na contratação de dívidas ocultas.
Em conferência de imprensa em Maputo nesta sexta-feira, 29, o porta-voz do principal partido da oposição disse que o primeiro-ministro faltou à verdade aos moçambicanos ao afirmar que não comunicou nem tramitou aquele expediente com conhecimento das instituições relevantes previstas na lei, nomeadamente a Assembleia da República e o Tribunal Administrativo, porque a situação do nosso país é atípica”.
António Muchanga acusou o Governo de dar um“golpe do baú que todos os moçambicanos são agora chamados a pagar” e realçou que o Executivo de Filipe Nyusi tem muito a explicar em relação à sua posição de avalizar dívidas contraídas por empresas de viabilidade duvidosa.
"É nosso entendimento que o Governo deve abandonar as manobras dilatórias, assumir as suas culpas e dividir com os que defraudaram o país", afirmou.
MDM pede auditoria independente
Ontem, foi a bancada parlamentar do MDM que acusou Carlos Agostinho do Rosário de não ter esclarecido os empréstimos secretos contraídos do Governo.
“O primeiro-ministro não foi capaz de fazer uma divisão clara sobre a dívida pública e a dos privados. Esperávamos, também, que o primeiro-ministro explicasse quem são os verdadeiros accionistas destes negócios”, disse o chefe da bancada do MDM.
Lutero Simango voltou a exigir a presença do Governo na Assembleia da República para explicar os contornos da dívida pública.
O MDM propõe também uma auditoria independente para verificar a legalidade, a sustentabilidade e os contornos da contratação da dívida não revelada ao Parlamento e às instituições financeiras internacionais.
Também ontem, 28, o primeiro-ministro lamentou que o Governo não tenha dado conhecimento ao Fundo Monetário Internacional (FMI) as dívidas fora das contas públicas e disse que os dados foram ocultados à Renamo por se tratar de assuntos de soberania e segurança do Estado.
"Temos uma oposição na Assembleia da República que de dia faz Parlamento e de noite ataques noutro sítio", afirmou Carlos Agostinho do Rosário.
O Fundo Monetário Internacional e Banco Mundial já suspenderam a cooperação com Moçambique depois de descobrirem que o Governo de Maputo escondeu às duas instituições três empréstimos superiores a mil milhões de dólares.
O Reino também anunciou ter suspendido a cooperação com Moçambique até o esclarecimento da situação.