O presidente do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) exige a presença do Presidente da República, Filipe Nyusi, no Parlamento para explicar as revelações de novos empréstimos contraídos no âmbito do caso Ematum.
Em conferência de imprensa nesta quarta-feira, 20, na Beira, o presidente do MDM diz que o seu partido “vai solicitar um debate extraordinário na Assembleia da República e com o Chefe do Governo".
Daviz Simango acusou o Executivo de apenas prestar contas no estrangeiro e de se comportar como no tempo de partido único.
"O Governo está disposto a explicar a Bruxelas e a enviar equipas para os Estados Unidos. Muito Bem. Mas a nossa soberania exige que o Governo se explique aos moçambicanos e na tribuna do Parlamento", acusou Simango, para quem Moçambique "enfrenta uma crise económica e política sem precedentes".
O presidente do terceiro maior partido moçambicano criticou ainda Filipe Nyusi por debater as novas dívidas com o Comité Central da Frelimo e não informar os cidadãos.
"Em democracia os assuntos de Estado discutem-se nos órgãos de soberania e não nas salas das escolas de qualquer partido", disse Simango, para quem se as novas dívidas eram desconhecidas para o FMI e para o povo, mas não para o Governo, a declaração do Comité Central "é apenas mais um sinal de desrespeito à inteligência dos moçambicanos".
Segundo Simango, no final da reunião do Comité Central, foi distribuído um comunicado do Ministério da Economia e Finanças, dando conta do envio de uma equipa técnica a Washington para explicar a revelação de novas dívidas.
Na sexta-feira, 15, o Fundo Monetário Internacional (FMI) suspendeu uma missão que devia chegar esta semana a Maputo depois de saber que o Governo moçambicano não lhe informou sobre um empréstimo de mil milhões de dólares contraído junto do Credit Suisse e do russo VTB Bank.
Nesta terça-feira, 19, o jornal inglês Financial Times, citando um responsável do FMI, revelou haver um terceiro empréstimo secreto.
PM encontra-se com chefe do FMI
Para tentar esclarecer a situação o primeiro-ministro moçambicano, Carlos Agostinho do Rosário, viajou de emergência para Washington para se reunir com o FMI.
Num encontro ontem com a diretora-geral do FMI, Christine Lagarde, Rosário reconheceu que o seu Governo não tinha revelado o empréstimo o que, para o FMI, foi "um primeiro passo importante".
Uma nota do Fundo enviada às redacções diz que a organização e Moçambique “vão trabalhar juntos de forma construtiva para avaliar as implicações macroeconómicas dessas informações e identificar passos para restaurar a confiança".
O FMI cancelou o pagamento da segunda tranche, no valor de 155 milhões de dólares, do empréstimo que tinha acordado no final do ano passado com Moçambique, no total de 285 milhões.