Acaba de ser publicado nos EUA um livro sobre a vida turbulenta do pai do presidente Barack Obama, cujo nome era também Barack Obama. A escritora americana Sally Jacobs escreveu esta obra, intitulada “O Outro Barack”, com o subtítulo “A vida Ousada e Irresponsável do Pai de Obama”.
O pai do actual presidente americano pouco conviveu com o filho depois do seu nascimento, em 1961, no Estado americano do Havai, no Pacífico. Obama pai regressou ao Havai para uma visita de um mês, em 1971, e foi a última vez que viu o seu filho, que viria a ser o primeiro presidente africano-americano dos EUA.
Sally Jacobs diz ter encontrado muitas semelhanças entre os Obamas, pai e filho. Nomeadamente, o facto de ambos serem muito inteligentes, de terem grande capacidade de argumentação e apreciarem um grande envolvimento na vida política. A autora sublinha o facto de os dois Obamas se ressentirem do facto de ambos terem sofrido com a ausência do pai.
Um trabalho sobre economia publicado por Obama pai, em 1965, no Jornal da África Oriental, foi muito elogiado por académicos africanos por sublinhar que os países recém-independentes deveriam concentrar mais a sua atenção nas formas de usar os seus recursos naturais para beneficiar a sociedade, em vez de se preocuparem com os lucros obtidos.
A visão de Barack Obama pai constituía uma crítica à política do presidente Jomo Kenyatta, do Quénia, incorporando ideias do então vice-presidente Oginga Odinga. Na opinião da autora do livro “O Outro Barack”, naquele artigo, o pai de Obama procurava conciliar as posições políticas em vigor no Quénia, em 1965, entre Oginga Odinga (à esquerda do espectro político) e de Jomo Kenyatta (à direita), mas sem grande sucesso. O actual presidente Obama, à semelhança do seu pai - segundo frisa Jacobs - assume, na política americana, o papel de mediador.
Entre as revelações contidas neste livro conta-se documentação retirada dos arquivos dos Serviços de Imigração americanos, nomeadamente, um memorando em que, em determinada altura, foi considerada a ideia de entregar Barack Obama a outra família para adopção. É revelada, também, decisão da Universidade de Harvard de obrigar Obama pai a regressar ao Quénia, apesar deste ter muito boas notas naquela prestigiada universidade americana.
Diz a autora do livro que a Universidade de Harvard tomou conhecimento de que o pai de Obama tinha duas mulheres, existindo possivelmente uma terceira. A universidade não gostou deste facto, alegou que o aluno também tinha problemas financeiros, e forçou o seu regresso ao Quénia, frustrando o seu sonho de obter um doutoramento em economia.
Já de regresso ao Quénia, Obama pai teve outros filhos, crê-se que um total de oito, quatro dos quais escreveram autobiografias, entre os quais o próprio presidente Obama que é autor do livro “Sonhos do Meu Pai”, que foi publicado em 1965.
Obama pai obteve cargos importantes no Quénia post-independência, mas desejou sempre mais, refere a escritora Sally Jacobs. O livro agora publicado descreve-o como profissionalmente brilhante, mas com uma conduta errática na sua vida privada, sendo caracterizado como mulherengo e com propensão para beber em excesso, o que terá estado na origem de vários desastres de automóvel.
Um ponto de viragem na vida de Obama pai ocorreu em 1969 com o assassinato do então ministro do Planeamento Económico,Tom Mboya, um dos seus mentores e que, como Obama, era também um membro da tribo Luo. A partir daí, os luos tiveram dificuldade em prevalecer na vida política queniana e até mesmo em arranjar empregos, dada a preponderância do grupo étnico do presidente Kenyatta, que era da tribo Kikuyu.
O pai do presidente Barack Obama morreu num acidente de automóvel,em 1982, sem fazer ideia que um dos seus filhos iria ser eleito presidente dos EUA.