Militares da FLEC encontrados sem vida

Guerrilheiros da FLEC

Mortes indicam campanha de eliminação de quadros militares. Nzita Tiago reafirma prontidão em negociar

Os comandantes militares da FLEC "Noite e Dia" e Mazina foram encontrados mortos.

Um porta-voz da FLEC disse à Voz da América que os corpos, com sinais de tortura, foram descobertos sexta-feira de manhã, na localidade congolesa de Mengo, localizada entre Ponta Negra e Dolisie.

Nesta quarta-feira, um comunicado da Frente de Libertação do Estado de Cabinda, liderada por Nzita Tiago, enviado à nossa redacção, disse que o chefe de estado maior das forças da FLEC, o comandante João Alberto Gomes "Noite e Dia" foi raptado na noite de terça para quarta-feira (6 para 7 de Março) juntamente com o Comandante Mazina que chefiava a frente norte do movimento.

O comunicado acusou “forças especiais de Angola, com a conivência de alguns filhos de Cabinda” de serem responsáveis pelo rapto.

Contactado pela Voz da América um elemento da FLEC, Manuel Ngoma, disse que os corpos, com sinais de tortura, tinham sido encontrados numa "cozinha" num local abandonado.

Os corpos, disse, tinham sido encontrados pelas autoridades locais.

Ngoma disse que um grupo tinha sido enviado á zona para confirmar as identidades dos mortos.

"Inicialmente tivemos noticias que havia três corpos no local mas a segunda informação que recebemos disse tratar-se de dois corpos," disse Ngoma que acrescentou ele próprio receiar pela sua vida.

O assassinato dos comandantes Noite e Dia e Mazina parece com efeito indicar uma campanha para eliminar a liderança militar dos separatistas cabindenses.

Estes raptos acontecem cerca de um ano após anterior chefe de Estado Maior da FLEC, General Gabriel Nhemba "Pirilampo", ter sido raptado e assassinado. O seu corpo foi encontrado a 10 de Março do ano passado, dentro do território de Cabinda depois de ter sido raptado no Congo, e apresentava sinais de tortura e esfaqueamento. “Pirilampo” foi tambem atingido por vários tiros.

Outro general da FLEC, Maurício Lubota “Sabata”, foi também raptado e assassinado em Março do ano passado.

Meses depois, em Julho, o chefe da segurança militar da guerrilha separatista, João Baptista Júnior "Vinagre" foi raptado, desconhecendo-se o seu paradeiro.

O presidente da FLEC Nzita Tiago manifesotu a sua indignação pelos raptos e assassinatos, que culpou nas autoridades angolanas, mas disse que continua aberto a negociações

"Os angolanos consideram os cabindas como cães," disse Nzita Tiago.

"Mesmo no tempo colonial português não existiam coisas assim,"acrescentou.

Maz Nzita Tiago disse que apesar da atitude do governo angolano continuava disposto a negociar o fimn do conflicto em Cabinda

"Eu estou pronto a negoicar mas é preciso que os angolanos não julguem que ao matarem pessoas assim os cabindas vão denunciar a reivindicação legítima do seu território," disse.

"Mas eu estou pronto a negociar com o governo angolano," acrescentou.

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