A Renamo avisou que "não tem medo da guerra", horas após um raide da polícia contra a sua delegação em Nampula onde estavam acantonados, há três meses, centenas de antigos guerrilheiros do principal partido da oposição.
O secretário-geral da Renamo, Ossufo Momade, disse quinta-feira, em Maputo que o ataque aos "desmobilizados indefesos suscitou a resposta da guarda presidencial (da Renamo)" e que o líder do partido, Afonso Dhlakama, está a ponderar uma resposta: "De todos os quadrantes do partido chegam mensagens que manifestam o desejo de uma reação de retaliação".
Momade apelou à calma, mas avisou que "o futuro de Moçambique está dependente do contacto" entre o Presidente da República, Armando Guebuza, e o presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, que pediu ao Chefe de Estado explicações sobre o sucedido.
A operação, que foi chefiada pela Força de Intervenção Rápida e o Grupo de Operações Especial, culminou com um forte tiroteio, na madrugada de quinta-feira, colocando frente a frentes estas forças e as antigas tropas de Afonso Dhlakama.
Um agente da polícia foi morto, enquanto o outro foi atingido com muita gravidade, estando desde as primeiras horas a receber tratamentos intensivos, disse a Policia. Porém a Renamo alega que terá morto 7 agentes da policia, um dos quais o comandante que estava a coordenar a operação, contra dois feridos ligeiros nas tropas de Afonso Dhlakama.
Até ao momento, há informação de que 23 antigos guerrilheiros foram detidos pela polícia, que recuperou 6 armas metralhadoras AK47. A Renamo diz que também recuperou uma arma de fogo e desmente as informações policiais.
No seio da população da cidade de Nampula, reina um total pânico, terror, medo e incerteza, tendo em conta o tamanho dos confrontos havidos.
Em Nampula, algumas escolas, mercados, estabelecimentos comercias, instituições governamentais e não governamentais preferiram não abrir as portas para os seus utentes.
Os moradores da zona onde se encontra localiza a delegação da Renamo estão proibidas de circular pela polícia, uma vez que depois da operação, alguns ex-guerilheiros evadiram-se e esconderam em quintas.
Outros recorreram à residência do seu líder, onde ao chegar foram devidamente armados e posicionados.
A polícia rodeou a residência de Afonso Dhlakama, mas não se atreve a invadir, porque este reforçou ao mais alto nível sua segurança pessoal. O carro blindado da polícia foi fortemente atingido, tendo sido penetrado por balas e uma das rodas furadas.
A polícia nega que tenha invadido a delegação da Renamo, porque segundo diz o seu porta-voz, João Inácio Dina, a polícia respondeu apenas à violência que uma equipa de rendição recebeu quando, por volta das 5h00, tentou circular a Rua dos Sem Medos (onde está situada a delegação da Renamo).
O chefe da segurança da Renamo disse numa conferência de imprensa que, a qualquer momento, o seu partido poderá responder a esta provocação do partido no poder.
“A Frelimo declarou guerra em Moçambique, não só Nampula, porque a nossa resposta pode começar em qualquer momento e em qualquer canto deste pais,” disse Simão Bute
O Governador de Nampula encontra-se de visitas aos distritos, mas o Secretario Permanente Provincial, António Maquina disse a nossa reportagem que o executivo não foi colhido de surpresa e não há razão de as comunidades continuarem em pânico, porque tudo foi no período da manhã.