Tripoli, a capital líbia, continua a ser palco de combates um pouco por todo o lado, enquanto forças leais a Muamar Kadhafi tentam defender os seus enclaves na cidade, bem como algumas cidades ainda sob controlo de Kadhafi.
O líder líbio descreve a queda do seu “quartel-general” em Tripoli como “retirada estratégica” e continua a apelar aos seus partidários a prosseguir a luta.
Os apoiantes de Kadhafi usando armas automáticas, baterias anti-aéreas, morteiros e granadas de foguetão tentam conter o avanço das forças rebeldes sobre as suas últimas posições a sul da cidade.
Testemunhas oculares dizem que atiradores furtivos, leais a Kadhafi, estão dispersos por vários pontos ao longo de estradas estratégicas, paralisando grande parte da vida da capital. Os apoiantes de Kadhafi têm também na mira a estrada que conduz ao aeroporto, na zona sul de Tripoli, tornando-a insegura, apesar das instalações em si estarem nas mãos dos rebeldes.
As forças de Khadafi foram expulsas, terça-feira, do complexo militar de Bab al-Aziziya, mas voltaram a agrupar-se numa zona florestal a sul do mesmo.
Kadhafi falou esta quarta-feira aos seus apoiantes, através de mensagem telefónica, transmitida por uma das poucas estacões de televisão que ainda controla. Durante ela apelou aos apoiantes a libertarem Tripoli.
Kadhafi, falando em árabe, dizia que jovens ou idosos, homens ou mulheres precisam de acorrer a Tripoli, de qualquer parte do país, para limpar a capital e capturar os criminosos, os traidores e os ratos.
O porta-voz do governo Kadhafi, Moussa Ibrahim, insistia que os partidários do coronel estão bem armados e vão continuar numa luta de guerrilha que poderá durar muito tempo.
O porta-voz diz ser segura a situação estratégica-militar das forças de Kadhafi, bem como o seu apoio, e que vão continuar a lutar por dias, semanas e mesmo meses, e anos. Descreveu a luta da oposição como uma tentativa contra o país e acrescentou que o lado de Kadhafi vai continuar a resistir até ganhar.
O homem descrito como primeiro-ministro dos rebeldes, Mahmoud Jibril, disse, entretanto, numa conferência de imprensa esperar “dura batalha” para tomar a cidade costeira de Sirte, que permanece praça-forte de Kadhafi, cujas forças continuam também em poder das cidades de Sabha e Jiffra, bem como de pequenos enclaves junto à fronteira com a Tunísia.
O chefe da diplomacia britânica, William Hague, apelou a Kadhafi para desistir da luta e aceitar o facto de que o seu povo quer que ele deixe o poder.
“Há uma rejeição clara e decisiva do regime por parte do povo da Líbia, e o regime perdeu claramente o controlo da maior parte da capital e da maior parte do país. Penso, acrescentou Hague, ser altura para o coronel Kadhafi deixar de fazer declarações delirantes e reconhecer esse facto. Ele deveria estar a dizer às suas forcas, cada vez mais reduzidas, para desistirem.”
Na frente diplomáticos, representantes do Conselho Nacional de Transição rebelde estão reunidos com responsáveis ocidentais na capital do Qatar, Doha, numa tentativa para libertar fundos governamentais líbios, para serem usados pelo governo rebelde. O primeiro-ministro Mahmoud Jibril diz serem precisos 2,5 biliões de dólares antes do final do mês para pagar os salários dos funcionários públicos.