O derrube do regime do Coronel Muammar Kadhafi foi acolhido num misto de sentimentos em África.
Entre as celebrações do triunfo em Tripoli e as reações das capitais ocidentais associando a vitoria dos rebeldes, a União Africana e os líderes do continente amigos do ditador deposto parecem compor-se na incerteza do futuro.
O duplo simbolismo da revolução líbia é assim um legado da história como do próprio desafio que o continente vai ter mais pela frente. A União Africana que viveu das transfusões financeiras de Tripoli poderá entrar numa fase crítica de gestão, acrescida com os problemas de insegurança nos países vizinhos como o Niger, Mali e a Mauritânia.
A queda de Kadhafi pode também representar o fim do activismo politico-diplomatico de um presidente, e o resurgimento de novos actores africanos.
Africa do Sul, Angola, Nigéria, Guiné-Equatorial, são alguns países que podem reforçar as suas lideranças políticas e económicas numa altura em que o novo poder líbio tentará pagar as dívidas que tem para com o Ocidente que durante a luta disponibilizou os meios militares necessarios para o derrube do mal-amado Coronel Muammar Kadhafi.
A União Africana que privilegiou o status quo líbio vai viver a sua orfandidade a espera da sua próxima adopção.
Escuta a análise desta semana da Agenda Africana, com o politólogo e académico togolês Fafali Kudawou, no segmento sonoro no início desta página.