A Fundação 27 de Maio realizou, este fim-de-semana, uma manifestação, para assinalar os 34 anos da chamada "revolta de Nito Alves" e a subsequente execução de milhares de angolanos acusados de serem "fraccionistas". As estimativas variam muito e chegam aos 30 mil.
A marcha, com a participação de várias dezenas de pessoas, partiu do cemitério da Santana e, após deposição de uma coroa de flores, percorreu dois quilómetros aproximadamente até alcançar a praça central da Independência, sob apertado cerco da polícia, que se fez presente no local, com uma viatura equipada com sofisticados meios de vigilância eletrónica.
"Mesmo com a repressão e ameaças de morte, não tenhamos medo de denunciar a ditadura eduardista" -- podia ler-se no cartaz empunhado por um manfestante.
No Largo da Independência, junto à estátua de Agostinho Neto, o presidente da Fundação 27 de Maio, Silva Mateus, relatou pormenorizadamente aos jovens presentes, os acontecimentos do 27 de Maio de 1977.
Nessa data, os dirigentes do MPLA, Nito Alves e José Van-Dúnem (tidos por marxistas radicais pró-soviéticos), foram acusados pela direção do partido de swerem "fraccionistas" e terem tentado derrubar o regime.
Nito Alves, que após a revolta se abrigou na embaixada cubana em Luanda, acabou por ser entregue por esta ao MPLA fuzilado sem qualquer julgamento, que Neto considerou desnecessário.
O MPLA é acusado de, na altura, sob pretexto de serem "fraccionistas", ter mandado eliminar milhares de adversários ou potenciais adversários do regime. Silva Mateus disse que a marcha, apesar de pouco concorrida, é uma iniciativa que mantém viva a memória de quem morreu naquele incidente.