Eduardo dos Santos prepara visita à Lunda Norte

Mina de diamantes a céu aberto na Lunda Sul

A viagem do presidente angolano à região diamantífera ainda não foi confirmada oficialmente, mas a VOA sabe, de fonte local, da presença inusitada de militares afectos à guarda presidencial.

A audição das nove testemunhas da queixa-crime apresentada contra algumas das principais figuras militares do país, ligadas à extração mineira, está coincidir com a visita do Presidente da República à Lunda-Norte, sexta-feira.

A viagem do presidente angolano à região diamantífera ainda não foi confirmada oficialmente, mas a VOA sabe,de fonte local,da presença inusitada de militares afectos à guarda presidencial.

Na cidade do Dundo, a capital, o presidente José Eduardo dos Santos deverá visitar o projecto de construção de uma centralidade local composta por cerca de 20 mil apartamentos a serem erguida por empresas chinesas de construção civil.

Enquanto isso, em Luanda, o procurador-geral adjunto da República, Domingos Salvador Baxe, entrou ontem em cena no processo de audição dos cidadãos arrolados como testemunhas da queixa-crime intentada pelo activista, Rafael Marques.

Depois de, na segunda-feira, as audiências terem sido conduzidas por um investigador da Direcção Nacional de Investigação e Acção Penal da PGR, ontem o procurador-geral adjunto da República foi, pesssoalmente, ouvir três testemunhas, uma das quais já interrogada pelo oficial operativo, no dia anterior.

A conversa entre os quatro durou pouco menos de meia hora. À saída do encontro, o procurador-geral adjunto da República foi bastante lacónico nas suas declarações, tendo afirmado apenas ser o começo do processo de audição e prometido mais detalhes nos próximos tempos. Salvador Baxe negou-se a precisar se os militares acusados serão também interrogados pelo procurador-adjunto do Supremo Tribunal Militar.

Segundo apurou a VOA, a primeira testemunha, uma senhora, terá contado cenas horríveis que surpreenderam o oficial da justiça, tendo mesmo exibido fotografias de um dos seus filhos assassinado e enterrado numa vala comum.

Segundo a fonte da VOA, a declarante negou-se a assinar as suas declarações e a entregar as provas documentais em sua posse. O investigador terá questionado a declarante sobre se a viagem deles a Luanda não teria sido suportada pelo activista Rafael Marques.

A audição destes cidadãos resulta de uma queixa-crime apresentada, a 14 de Novembro passado, ao Procurador-Geral da República pelo activista e investigador Rafael Marques de Morais.

Entre os responsáveis citados na queixa consta o general Manuel Hélder Vieira Dias “Kopelipa", ministro de Estado e Chefe da Casa Militar do Presidente da República. Também são citados os generais António dos Santos França "Ndalu", João de Matos, antigos chefes do Estado Maior das Forças Armadas.

Constam ainda os nomes de Carlos Hendrick Vaal da Silva, Inspector-Geral do Estado Maior das FAA; Armando da Cruz Neto, actual governador de Benguela; Adriano McKenzie, da Direcção de Preparação de Tropas e Ensino das FAA. A lista dos visados inclui também nomes de generais reservistas Luís Faceira e António Faceira.

Todas estas figuras são, supostamente, sócios das empresas mineiras ou de segurança que operam na região em parceria com a empresa pública Endiama.