O presidente brasileiro, Michel Temer, reconheceu, pela primeira vez, em público, estar preocupado com os efeitos da delação da empreiteira Odebrecht na Lava Jato, que deverá atingir partidos e políticos de todas as cores.
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Ele reuniu com os presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados no domingo e convocou a imprensa para tentar acalmar o mercado e minimizar a grave crise económica e política.
“Se dissesse que não há preocupação com a delação da Odebrecht, seria ingénuo. Claro que há preocupação de natureza institucional, principalmente quando se diz que vai alcançar 150 pessoas da classe política. Há preocupação, claro, não há dúvida que há”, disse Temer.
Indagado se ministros forem citados por empresários da Odebrecht na Lava Jato, Temer recorreu à cautela e disse que cada caso será analisado.
“Eu vou verificar o que é que vem, qual é o gesto concreto relativo a essas delações, porque elas não foram ainda assinadas, pelo o que eu soube. E assinadas serão convalidadas pelo Judiciário. Quando vier, nós vamos verificar caso a caso. Eu não posso falar genericamente o que vai acontecer e o que não vai acontecer”, ressaltou.
E a oposição reagiu às declarações do presidente de que não haverá apoio por parte do governo a qualquer iniciativa para aprovar uma eventual amnistia ao caixa 2 de campanhas eleitorais na votação do pacote anticorrupção.
As duas recentes tentativas de aprovação de amnistia ao caixa 2 são de responsabilidade exclusiva da base de apoio a Temer, acusou o líder do PT na Câmara, Afonso Florence (BA).
Em nota, o petista afirma que, às vésperas de sair o acordo de delação premiada da empreiteira Odebrecht, a base governista intensificou o movimento para aprovar a medida e que, diante do desgaste, tentou compartilhar a aprovação da proposta com o PT.
Florence declarou que a bancada não vai apresentar nenhuma proposta que signifique amnistia ao caixa 2 e que não assinará nenhuma emenda do género.
Ele disse que é inverídica a informação de que parlamentares do PT que não assinaram nota contrária à votação da amnistia ao caixa 2 sejam favoráveis à proposta.