O Tribunal Distrital de Ka Mpfumo, na cidade do Maputo, vai julgar quinta-feira o porta-voz do grupo dos ex-combatentes liderados por Hermínio dos Santos, que continuam em pé de guerra com o governo.
Trata-se de Jossias Macena, detido na última segunda-feira tendo seguido contornos estranhos que no princípio foram classificados de sequestro.
Desconhecem-se ainda as motivações da detenção de Macena, contudo, Hermínio dos Santos não tem dúvidas de se tratar de obra dos Serviços de Informação e Segurança do Estado (SISE), que segundo disse, “têm feito muitas ligações, usando números anónimos e fazendo intimidações de vária ordem”.
Segundo conta o grupo, o desaparecimento do seu porta-voz deu-se na tarde de segunda-feira, após uma chamada, alegadamente proveniente da Embaixada dos Estados Unidos da América em Maputo, convocando-o para um encontro.
Contrariando conselhos dos seus pares, Macena terá decidido atender à falsa convocação que culminou com a sua detenção, algures na Avenida Keneth Kaunda, a caminho da embaixada americana, alegadamente, por indivíduos ligados a SISE à paisana, e levado para lugar incerto, de onde foi transferido na tarde de terça-feira, para a Cadeia Civil.
“Depois de receber a chamada, decidiu ir atender a convocatória. Tentei dissuadí-lo, uma vez que a chamada não havia revelado, sequer, a agenda do encontro”, relatou dos Santos.
Frustrada a sua tentativa, o líder do fórum diz ter indicado alguns colegas para acompanharem o seu porta-voz, sendo estes que assistiram a sua detenção, protagonizada por indivíduos que se faziam transportar em seis viaturas.
“Depois de quase um dia sem informações do seu paradeiro, acabamos por ser informados, através de alguém da Cadeia Civil, que o nosso companheiro estava encarcerado naquele local e que seria levado a julgamento na quinta-feira”.
A defesa de Jossias Macena está a cargo da Liga Moçambicana dos Direitos Humanos, através do advogado Salvador Nkamate.
Em contacto com a reportagem da Voz da América, Nkamate disse desconhecer ainda o processo e repudiou o que chamou de ilegalidades flagrantes por detrás da detenção.
Recorde-se que desde o início dos protestos dos ex-combatentes, Jossias Macena é o segundo elemento do grupo a ser detido e levado a julgamento. O primeiro foi Hermínio dos Santos, que foi detido, julgado e absolvido, no ano passado, coincidentemente, também, numa altura em que preparavam manifestações pelas ruas de Maputo.