A Embaixada da Guiné Bissau no Brasil aguarda uma resposta do governo brasileiro sobre possível apoio financeiro para o traslado do corpo do estudante guineense espancado até a morte em Cuiabá, no Mato Grosso. Toni Bernardo da Silva, 27 ano foi assassinado, na última semana, dentro de uma pisaria. Três pessoas foram presas acusadas do crime: o empresário Sérgio Marcelo da Silva Costa, de 27 anos, e os policiais Higor Marcell Montenegro e Wesley Fagundes Pereira, ambos de 24 anos.
Os policiais e o civil teriam espancado o africano até a morte depois que Toni teria incomodando a namorada de Sérgio, pedindo R$ 10, possivelmente para comprar drogas. O guineense teria puxado o braço da mulher, insistindo em conseguir o dinheiro. O ato provocou a ira do namorado que começou a agressão. Em seguida, dois policiais, que estavam de folga, entraram no caso com atos de violência que resultaram na morte de Toni Bernardo Silva.
A polícia e testemunhas garantem que Toni estava em situação vulnerável, vivia pedindo dinheiro nas ruas de Cuiabá para pagar o vício em drogas. Também teria sido a ligação com os entorpecentes a responsável pelo desligamento do jovem dos estudos. Toni Bernardo da Silva fazia intercâmbio no Brasil, desde 2006, cursando Economia na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Em Fevereiro, no entanto, ele foi desligado da instituição por causa do envolvimento com entorpecentes.
O caso ocorrido no Brasil, ainda é nebuloso, mal explicado, mas, mesmo assim, a polícia brasileira já nega motivações racistas no assassinato do estudante, em Cuiabá. O delegado Antônio Carlos Garcia, titular da Delegacia de Homicídio e Proteção à Pessoa de Cuiabá, sem temer estar sendo precipitado, faz questão de destacar que Toni foi morto porque estava tendo um comportamento inadequado que resultou na violência.
Segundo o delegado, o que houve foi uma briga, que se transformou em algo de cunho policial. “Na verdade, o que ocorreu foi uma fatalidade, em decorrência do infortúnio que ele estava causando e da necessidade de contenção para que ele (Toni) mantivesse uma conduta aceitável para o ambiente. Mas nada por questão de cor ou por questão de ser estrangeiro,” afirma.
A embaixadora da Guiné Bissau no Brasil, Eugenia Saldanha Araújo, contou à nossa reportagem que a representação diplomática, localizada em Brasília, ainda não teve condições financeiras de enviar um representante até Cuiabá. Apesar disso, a diplomata afirma que a Embaixada está levantando os dados do crime. “Compilamos os documentos que recebemos do Mato Grosso e entregamos à pessoa jurídica da embaixada que, como jurista, irá dar o tratamento conveniente e poderá ir até a localidade para acompanhar o assunto e depois nos dar uma resposta,” afirma.
A diplomata explica que esse representante ainda não foi até o local do crime porque a Embaixada não tem recursos para isso. “Lamentamos imenso, temos toda a boa vontade e estarmos entrando em contato, diariamente, por fone com as autoridades e estudantes no Mato Groso, mas pessoalmente não podemos nos fazer presente.”
A embaixadora admite que é difícil avaliar á distância a condução da polícia brasileira no caso da morte do estudante. Eugenia Saldanha Araújo também evita comentar a declaração da polícia brasileira descartando, antes mesmo das investigações, uma motivação racista para o crime. “De longe não posso fazer nenhum juízo opinativo, sem termos uma pessoa lá, constatando a situação em loco,” encerra.