Milhares na Marcha pela Liberdade Religiosa no Rio de Janeiro

Estatua do Cristo-Rei no Rio de Janeiro

A intolerância religiosa no Brasil tem um alvo principal: o conjunto de religiões de matrizes africanas, apesar de outras crenças também serem perseguidas por brasileiros. A constatação é do interlocutor da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, Ivanir dos Santos, um dos organizadores da IV Marcha pela Liberdade Religiosa que reuniu milhares de pessoas, neste domingo, no Rio de Janeiro.

A intolerância religiosa no Brasil tem um alvo principal: o conjunto de religiões de matrizes africanas, apesar de outras crenças também serem perseguidas por brasileiros. A constatação é do interlocutor da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, Ivanir dos Santos, um dos organizadores da IV Marcha pela Liberdade Religiosa que reuniu milhares de pessoas, neste domingo, no Rio de Janeiro.

Líderes de religiões afro-brasileiras comandaram a marcha que contou com participações de católicos, muçulmanos, judeus, espíritas, protestantes, budistas e outros. A manifestação realizada na cidade, que é o cartão postal brasileira, tem reunido cada vez mais adeptos. Em 2010, foram 120 mil pessoas e, este ano, o evento foi mais frequentado ainda.

A marcha deste domingo foi só a mais divulgada de várias outras que têm acontecido nos vários estados brasileiros ao longo do ano. Todas pedem atitudes do governo e da população em geral contra a perseguição a crenças diferentes no país, como explica Ivanir dos Santos:

“Que o governo faça o plano nacional de combate a intolerância religiosa, é a primeira coisa. Segundo, consciencializar a sociedade brasileira de que os actos de intolerância não fazem bem à sociedade. E celebrar a diversidade brasileira. O Brasil é um país que tem diversidade, inclusive uma delas é a religiosa, e que cada um escolha sua religião e ninguém pode ser demonizado por isso,” explica.

Para Santos, por falta de conhecimento, entre outras motivações como o racismo, as religiões de raízes africanas são os principais alvos de intolerância, apesar de não serem as únicas:

“Infelizmente, uma ignorância porque no fundo o Criador começou a sua obra pela África. É na África que surge esse conflito de Criador, de religião que às vezes as pessoas não compreendem. Na verdade, eles não querem assumir que Moisés era um africano. O próprio Moisés, que recebe os Mandamentos da Lei de Deus pedindo para amar o próximo como a si mesmo, era um africano. É impressionante que esse preconceito persiga uma cultura religiosa que nasceu na África. E, justamente atacam aqueles que, de forma milenar, e uma das primeiras religiões do mundo,” afirma.

Entre os grupos que mais têm atacado de forma preconceituosa os adeptos das religiões africanas estão os evangélicos, como explica o organizador da Marcha pela Liberdade Religiosa.

“Eu não quero dizer que a maioria do povo evangélico é preconceituosa. Eu quero dizer que algumas lideranças de alguns sectores evangélicos é que são intolerantes. Vale observar também que uma boa parte dessas religiões é composta por pessoas negras, que, no fundo, buscam outra identidade. Elas tentam-se afastar da identidade mais cultural, que tem relação com os negros africanos. Um país que tem uma formação eurocêntrica leva a isso, a esse tipo de conflito de desconhecimento, adverte.”

A solução para o fim da intolerância religiosa no Brasil, na opinião de Ivanir dos Santos, passa por acções do governo, mas, sobretudo, pela educação:

“Porque, na verdade, como diz Mandela, ninguém nasce odiando, se aprende a odiar. E, se é possível aprender a odiar, pode se ensinar também a amar. Temos que ensinar as crianças outra base de respeito ao próximo, de solidariedade, respeito ao diferente. Criar na criança o sentimento de diversidade étnica religiosa, que todos os caminhos levam ao Criador e que cada um escolhe o seu,” encerra.