Impacto da eleição de Obama
A vitória de François Hollande nas presidenciais francesas é um paradoxo para o Presidente Barack Obama.
O derrotado presidente francês Nicolas Sarkozi - ao contrário do que tinham sido governantes anteriores franceses - adoptou uma linha de política externa claramente pr americana e era o um defensor ardente de boas relações com os Estados Unidos.´
Sarkozi defendeu por exemplo uma linha dura contra o programa nuclear do Irão, manteve tropas no Afeganistão e jogou um papel de liderança na coligação para derrubar o presidente Muammar Qadafi na Líbia.
Mas econmicamente, dizem analistas, a posição do novo presidente, François Hollande, é mais próxima do Presidente Obama.´
Sarkozi tinha uma estreita aliança com a chanceler alemã Angela Merkel, uma acérrima defensora de programas estritos de austeridade para se reduzir os deficits orçamentais enquanto Hollande, embora não descartando a necessidade de uma austeridade, quer também programas de incentivos económicos para se activar o crescimento económico e criar postos de trabalho.
Esse debate é algo que tem ocorrido nos Estados Unidos com os Republicanos a insistirem em profundos cortes orçamentais enquanto a administração Obama defende programas de estimulo económico. Também nos incentivos fiscais a posição de Obama é semelhante á de Hollande opondo-se ao programa Republicano de redução de impostos para os mais previligiados embora não advogue o nível de impostos sobre os mais ricos como os de 75% defendidos por Hollande.
Mas se economicamente há uma maior aproximação entre as posições de Hollande e Obama isso tem também os seus riscos, como explicou o correspondente do Washington Post na Casa Branca, William Scott, num artigo hoje publicado
"O perigo imediato para Obama é que as incertezas políticas que reapareceram Segunda-feira levarão provavelmente meses a resolver," escreveu ele.
"Isso poderá tornar mais difícil resolver a crise económica no continente europeu, o que pode potencialmente afectar as finanças de vários outros governos e abalar os mercados globais. O resultado poderá afectar a já frágil recuperação económica americana que o próprio Obama já disse estar a ser limitada pela fraqueza da economia da zona do Euro que é o principal mercado das exportações americanas,” acrescentou.
A juntar às incertezas económicas causadas pela vitória de Hollande em França maiores incertezas são trazidas pelas eleições na Grécia que não produziram uma vitória concreta.
Os grandes vitoriosos destas eleições foram partidos que se opõem ao programa de austeridade imposto para se manter a viabilidade da economia grega e que muitos dizem poderá por em perigo os pacotes de ajuda, levando a Grécia a não poder cumprir as suas obrigações financeiras.
Mas políticamente contudo há também um perigo para Obama na sua campanha eleitoral para a presidência conforme disse Justin Vaisse da Instituição Brookings, um centro de estudos sediado aqui em Washington:
“O outro lado da questão é que se poderá ter agora Mitt Romney ( o candidato Reppublicano) a afirmar que Obama está a adoptar ideias de um socialista francês," disse ele.
"
Hollande é socialista e isso não é necessariamente uma coisa má, mas neste país tem uma conotação muito negativa," disse ele ao Washington Post
Já na próxima semana Barack Obama terá oportunidade de conhecer pessoalmente o novo presidente francês quando se realizar aqui nos Estados Unidos a cimeira do G8.
Uma coisa é certa. Não vai ser preciso tradutor. François Hollande gosta de notar que fala inglês.