Moçambique: Cabaz de compras criticado

Prof. Carlos Nuno Castel-Branco, University Eduardo Mondlane, Maputo, Mozambique

"Governo deveria dinamizar sector produtivo"

As recentes medidas anunciadas pelo governo moçambicano para tentar conter o aumento do custo de vida com subsidios para as classes menos favorecidas estão a causar alguma controvérsia e mesmo dúvidas.

Depois da revisão do escalão da categoria salarial dos trabalhadores elegíveis para beneficiar da cesta básica, dos anteriores 2000 mil meticais para 2500, e das tentativas de esclarecimentos que têm vindo a ser dados pelo governo, muitos são aqueles que que consideram que o executivo ainda não está preparado para apresentar medidas eficazes e objectivamente claras.

Uma das vozes mais críticas é do economista moçambicano, Carlos Nuno Castel Branco, que considera que “as medidas ora anunciadas continuam confusas, porque, em função dos debates da opinião pública, surgem novas versões do governo".

"Em todo caso, acho que as medidas não são aplicáveis e tem pouca probabilidade de eficácia” acrecentou.

Num discurso bastante denso, aquele conceituado economista e Director do Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE) considera que o governo tem a convicção da inviabilidade das medidas ora anunciadas e avança com o que considera as hipóteses por detrás destas medidas, mesmo ciente da sua inviabilidade.

“O nível de desespero sobre a situação é tão grande que para o governo qualquer medida serve," disse.

Por outro lado, o governo pode estar a tentar responder às pressões da instituições financeiras internacionais, que estão a tentar eliminar os subsídios gerais para certos bens e serviços.

O governo estaria assim a tentar definir alvos para esses subsídios, nomeadamente, grupos de rendimento e grupos flexíveis, em função do que acontece ao nível dos preços internacionais, "mas isso não tem sentido num contexto como de Moçambique, onde a pobreza é elevada”.

Nuno Castel Branco considera que o governo deveria dirreccionar todo o seu esforço para dinamizar os sectores produtivos, pois só com o crescimento da produção e produtividade a todos os sectores, o país poderá ter disponibilidade de alimentos para acabar com a fome e a pobreza no país.