China acusada de vender tecnologia nuclear obsoleta ao Paquistão

Jiang Yu porta-voz do ministério dos negócios estrangeiros da China

Revelações foram tornadas públicas com o desastre nuclear japonês, mas desvalorizadas por Pequim

A China está a defender a sua cooperação nuclear com o Paquistão apesar de preocupações levantadas segundo as quais estaria a vender uma velha tecnologia ao seu vizinho de Islamabad.

As revelações foram feitas depois de Pequim ter suspenso a proposta de construção de novas centrais nucleares, após a revisão das normas de segurança, em resultado do desastre nuclear no Japão.

As autoridades chinesas já suspenderam o aval para a construção de novas centrais nucleares no país, por causa de questões de segurança levantadas com o desastre no Japão.

Mas quando a porta-voz do ministério dos negócios estrangeiros, Jiang Yu foi questionada se Pequim estaria igualmente preocupado com a exportação de tecnologias nucleares antigas para o Paquistão, ela desvalorizou a questão afirmando não haver nenhuma relação.

Jiang diz não haver relações directas entre as duas questões. Ela diz que o governo chinês quer ver um desenvolvimento “ordeiro e racional” da tecnologia nuclear na China, e está particularmente preocupado acerca da segurança dessas tecnologias.

E quanto ao Paquistão, Jiang diz que a cooperação nuclear entre a China e Islamabad tem-se avançado sob a supervisão da Agencia Internacional de Energia Atómica.

A China forneceu dois reactores a central nuclear paquistanesa de Chasma, com base num acordo que prevê o fornecimento no futuro de mais dois outros. Responsáveis americanos não têm expressado abertamente a sua oposição, mas disseram que se a China for em avante com o Chasma 3 e 4, estaria a ser inconsistente com os compromissos assumidos quando aderiu ao Grupo de Fornecedores Nucleares em 2004.

Notícias da página de internet do governo chinês sobre as actividades nucleares da China revelam que os trabalhos na Central Nuclear de Chasma estão em progresso, mesmo depois da crise nuclear no Japão.

Mark Hibbs um especialista em energia atómica tem seguido de perto a cooperação nuclear sino-paquistanesa, e diz que Pequim tem desenvolvido a sua própria tecnologia nuclear entretanto qualificada como estando fora de prazo.

“Até aqui a maioria dos reactores que os chineses têm construído com base nas suas tecnologias, reflecte uma técnica que esteve em prática no Ocidente e noutros países nuclearmente avançados, há cerca de 30 anos atrás. Os chineses estão a exportar esses equipamentos, e é esta a tecnologia que a China tem exportado para o Paquistão. E não acredito, que um outro país, sem ser o Paquistão esteja de facto interessado nesta tecnologia.”

Hibbs diz que a França, o Japão e os Estados Unidos fornecem ao mundo as mais avançadas tecnologias nucleares, e considera a China como tendo razões comerciais para cooperar com o Paquistão, ao mesmo tempo que sublinha que Pequim tem razões geopolíticas para preocupar-se em apoiar o Paquistão.

A cooperação nuclear sino-paquistanesa deverá estar em debate no final deste ano, na reunião anual dos países fornecedores de tecnologias nucleares, mas a porta-voz do ministério dos negócios estrangeiros chinês não indicou se a China irá a procura do consenso entre o grupo.