Alegados suspeitos militantes dispararam contra uma delegação do governo afegão em visita as aldeias onde um militar americano terá assassinado 16 civis.
O ataque ocorrido hoje na província de Kandahar provocou a morte de um solado afegão e feriu pelo menos um outro agente da polícia.
Nenhum grupo reivindicou a acção, mas sabe-se que os Talibas juraram decapitar americanos como vingança.
O tiroteio que vitimou o militar afegão ocorreu no momento em que a equipa de investigação que inclui dois irmãos do presidente Hamid Karzai e responsáveis do governo provincial participava nas exéquias fúnebres das vítimas do alegado ataque do militar americano na madrugada de Domingo.
Além deste incidente, centenas de pessoas protestaram hoje em Jalalabad no leste do Afeganistão na primeira e até então a maior manifestação pública contra a acção do militar americano. Muitos dos manifestantes entoaram o slogan “Morte a América.”
O porta-voz da Casa Branca Jay Carney referiu ontem que investigações estavam em curso para apurar as causas da acção do militar americano.
“Estou certo que haverá discussões entre as chefias militares americanas assim como líderes civis no Afeganistão e o governo afegão na onda deste incidente. Mas os objectivos da nossa estratégia não mudaram e eles não serão mudados.”
Enquanto isso, especialistas em jurisprudência militar afirmam que o sargento do exército responsável pelo massacre de 16 afegãos poderá ser julgado em tribunal marcial.
Eugene Fidell é professor de justiça militar na Faculdade de Direito da Universidade de Yale, e adianta que de acordo com a lei se as investigações provarem a existência legal de provas, o suspeito deverá ser julgado por um tribunal militar.
“Poderá haver advogados em ambos lados. Poderá haverá um juiz militar. Poderá haver um júri de pelo menos 5 até 12 pessoas, e de facto as acusações apontarão para a pena capital – com a opção da pena de morte.”
O parlamento afegão condenou o assassinato e pediu ao governo americano para um julgamento público do seu responsável.
O professor Eugene Fidell diz estar mais do que claro que o suspeito deverá continuar sob a custódia militar americana.
“Não há chance nenhuma que o esse indivíduo venha a ser entregue ao sistema judicial afegão. Mas é preciso lembrar que um tribunal marcial é organizado em público. Poderá ser aberto ao público incluindo membros do público afegão e aos medias afegãos.”
O Estado-maior americano tem recusado desde ontem em revelar a identidade do suspeito autor do crime. Trata-se de um sargento de 38 anos, casado e pai de duas crianças, originário de uma base militar próximo de Seattle no Estado de Washington. Ele faz parte das forças armadas há 11 anos, e terá estado por 3 vezes em missões no Iraque, e foi enviado ao Afeganistão no início de Dezembro.