China inventa nova forma de impedir manifestações

  • Paulo Oliveira

China inventa nova forma de impedir manifestações

O governo tenta minimizar a possibilidade de uma "Revolução de Jasmim" na China.

A China encontrou uma forma nóvel e não violenta de impedir manifestações pró-democracia. Vedações de construção foram colocadas numa praça da cidade de Pequim que activistas tinham designado como local para manifestações dominicais regulares.

Painéis azul claro encontram-se na praça em frente ao restaurante McDonalds, o local indicado pelos apelos através da internet para que a população se manifeste por mais direitos democráticos.

Um cartaz de informação afixado na vedação indica que o pavimento aluiu, sendo por isso necessário fazer reparações.

A campanha atraiu, no domingo passado, pessoas que protestaram contra a injustiça na China e manifestaram apoio às denominadas Revoluções de Jasmim no Médio Oriente.

O pessoal de segurança, os jornalistas e os passantes pareciam ser em maior numero do que os manifestantes. Ocorreram reuniões idênticas noutras cidades chinesas.

Um dos manifestantes em Shanghai destacou que a China não possui um sistema legal e que a ditadura do partido único oprime os cidadãos.

Apesar do aumento da presença da segurança, o governo minimizou a possibilidade de a Revolução de Jasmim poder ocorrer na China.

Zhao Qizheng, que integra a Conferencia Consultiva Politica do partido popular, uma organização consultiva do governo, afirmou que a ideia de uma Revolução Jasmim na China não irá acontecer.

Zhao indica que em Pequim, uma cidade de 15 milhões de pessoas, não tem significado que um punhado de pessoas se junte num local para expressar os seus problemas. Até mesmo que um pequeno grupo deseje confusão, isso não irá acontecer.

As tropas chinesas mataram centenas, possivelmente mesmo milhares, de pessoas quando reprimiram, em 1989, as manifestações lideradas pelos estudantes, em favor da democracia na praça de Tiananmen.

O dirigente líbio Moammar Gadhafi referiu-se a este acontecimento para justificar a sua repressão na Líbia.

Os organizadores dos encontros devem ser dissidentes chineses que vivem no exterior, apelaram no sentido de que as manifestações se tornem num acontecimento regular.

O apelo apela às populações para se reunirem todos os domingos à tarde para passear, olhar ou até mesmo passarem pelo local.

Embora durante mais de 30 anos, a população chinesa tenha tido maior liberdade de viajar, de ser proprietário, estudar ou trabalhar onde deseje, o governo actua rapidamente no sentido de por termo aos protestos.

Não tolera apelos para uma mudança política, e nos últimos anos tem aprisionado ou detido os seus críticos, incluindo Liu Xiaobo, galardoado o ano passado com o Premio Nobel por advogar reformas políticas.