As Nações Unidas concluiram recentemente um inquérito às alegações de violação sexual de mulheres e jovens congolesas, no ano passado, junto à fronteira entre Angola e o Congo.
A relatora do inquérito, Margot Wallstrom, disse à VOA (ver noticia relacionada), que as violações foram sistematicas, e em massa. As mulheres, que estavam a ser deportadas por permanência ilegal em Angola, acusaram elementos das forças de segurança angolanas.
Wallstrom espera, numa deslocação em Março à capital angolana, pedir esclarecimentos a Luanda, que ainda não reagiu publicamente. Mas o silêncio do governo preocupa a sociedade civil.
Yannick Bernardo, um advogado angolano com escritório em Luanda, afirma que - se as alegações forem confirmadas - o seu compprtamento pode acarretar responsabilidades para o Estado angolano, a quem aqueles soldados representam.
Bernardo crê que quem representa Angola, dada a procura de prestígio em que o pais está engajado na arena internacional, não pode dar-se a estas prácticas e que o Estado tem que se desligar delas e intervir com seriedade.
"Agora está a assumir-se como garante da integridade regional, logo tem que manter a sua moral", diz Bernardo. "O estado angolano não pode ficar impávido e sereno mas deve responsabilizar os perpetradores. Isto são pessoas de outro país que carecem de protecção" e que os soldados são responsáveis pela integridade dessas e pela integridade do país.
O jornalista Sebastião Vemba, alerta que as alegações se referem à "fronteira comum" e que ainda não há certeza sobre quais são os soldados responsáveis - angolanos ou congoleses. Expressa, no entanto, o seu choque, pelo que sucedeu ás vítimas.
A comprovar-se o envolvimento de militares angolanos, diz Vemba, o assunto pode tornar "mais espinhosa" a relação entre Luanda e Kinshasa.
Ouça a mesa redonda de Panguinho de Oliveira sobre este assunto, clicando na barra de som acima deste texto, ou já abaixo, no fim do mesmo.