O Carnaval de Luanda está a chegar, com tanta força como em todos os 32 anos desde que foi instituída a que é considerada a maior manifestação popular angolana. 42 grupos, 14 dos quais infantis, fazem os últimos acertos.
Os passos são reajustados e as músicas ganham um tom e carisma diferente, como é o caso do grupo União Mundo da Ilha e o grande homenageado de 2011 União 10 de Dezembro.
Devido a requalificação da ilha de Luanda, este ano o Entrudo, vai ser realizado na nova marginal, situada na Praia do Bispo, próximo do Memorial Agostinho Neto.
O novo local, apresenta dimensoes mais reduzidas, mas o director da cultura garante que as características da nova marginal não vão por em causa a realização da festa.
Vindos dos 9 municípios de Luanda, nomeadamente, Maianga, Ingombota, Samba, Sambizanga, Cazenga, Rangel, Kilamba Kiaxi, Viana e Cacuaco os grupos carnavalescos continuam apostar no Semba Varina, Cabetula e Kasukuta versões culturais, que no entender do antropólogo Virgílio Coelho, que falava sobre da “tipologia das danças do carnaval “ está a sofrer uma baixa considerável. Mas, ainda assim, a maior manifestação popular continua a arrastar multidões.
O Semba e o kimbundo são duas características do grupo carnavalesco União Mundo da Ilha vencedor de 12 edições. Fundado em 1980, o grupo integra, mais de 2.000 pessoas, na sua maioria ilhéus, entre pescadores, peixeiras quitandeiras.
Um sorteio fez com que o grupo adquirisse a responsabilidade de abrir o desfile, isto no da 8 de Março, facto este que levou União Mundo da Ilha, a procurar formas de responder as expectativas dos que se deslocarem à nova marginal. E uma delas é a demonstração da antiga e nova ilha. A demonstração da ilha de ontem e de hoje, vai contar com uma avalanche de 3.000 apoiantes e 500 bailarinos alguns dos quais a caminho da casa dos 70.
Devido à crise financeira o grupo tem passado por momentos não muito bons, a compra de indumentária para o desfile tem sido a grande dor de cabeça.
Mas o presidente do grupo carnavalesco União Mundo da ilha, António Custodio, disse que graças a alguns amigos e simpatizantes que o grupo tem levado avante o seus objectivos.
Na canção em kimbundo intitulada “KAZANGA KE TU“ que em português significa “União Mundo“o grupo louva a requalificação da ilha de Luanda e por outro lado mostra-se preocupado com a carência de escolas, hospitais e falta de oportunidade de trabalho para os ilhéus.
Mas apesar da vivacidade política, há quem questione a vivacidade cultural do carnaval. Num debate sobre “tipologias das danças” Virgílio Coelho sublinhou que o carnaval angolano perdeu a sua essência e originalidade devido ao desaparecimento de algumas danças como o kazucuta, cabetula e cidrália dando lugar somente ao semba.
Se essa opinião é partilhada pelo presidente do grupo carnavalesco União Mundo da Ilha, António Custodio, o mesmo já não acontece com o director provincial da Cultura de Luanda, Manuel Sebastião. Ouça o debate clicando na barra sobre o início - e no final - deste texto.
Aos grupos carnavalescos, o titular da pasta da cultura de Luanda, pede maior engajamento e preservação do “kusucuta” e “cabetula” duas expressões que caracterizam o carnaval angolano. No entanto, colocou de lado diversidade das características culturais do carnaval angolano e falou do carácter turístico e comercial que o hoje a maior manifestação popular ganhou.
Todos os anos a direcção provincial da cultura homenageia o grupo que mais se destacou. Desta vez a homenagem foi dada ao grupo carnavalesco União 10 de Dezembro vencedor de 4 edições. Conhecido pelo seu carisma, o comandante do grupo 10 de Dezembro, disse que a homenagem é fruto de muito trabalho e ressaltou que apesar das dificuldades, o grupo tem sabido erguer a cabeça e levar avante o seu programa de actividades.
O grupo União 10 de Dezembro é constituído por 311 pessoas, Duas das quais a caminho da casa dos 70. Devido a sua idade avançada, Rosa Eduardo e Engrácia Manuel, têm a função de acompanhar o rei e a rainha. Madalena tem um percurso de 29 anos no grupo União 10 de Dezembro, foi, bailarina, baterista, Rainha e até Rei, este último nada fácil. Rosa Eduardo, Engrácia Manuel e Madalena, têm agora a responsabilidade de passar as suas experiencias a nova geração sejam elas netas, filhas ou sem nenhuma grau parentesco.
A maior manifestação popular da capital tem início no dia 5 com o desfile da classe infantil, no dia 6 será a vez da classe B de adultos e no dia 8 desfilam os grupos mais privilegiados de Luanda.
Para este ano, o número de tribunas subiu de três para sete, aumentado assim a oferta de lugares tanto para os estrangeiros como nacionais. Mas a disputa está mesmo na conquista do primeiro lugar, onde o grande vencedor vai lavar para casa um montante equivalente a 150 mil dólares.