Egipto: Vice-presidente diz que Mubarak continua no poder até Setembro

Egipto: Vice-presidente diz que Mubarak continua no poder até Setembro

Omar Souleimane disse por outro lado que o seu país não aceita a ingerência externa, quando respondia os apelos a transição política

03 Fev 2011 -O vice-presidente egípcio, Omar Souleimane disse hoje que as eleições presidenciais no Egipto só terão lugar em Setembro e que até lá o presidente Hosni Moubara vai continuar a presidir o país.

O governante egípcio adiantou igualmente que o seu país não aceita nenhum tipo de ingerência externa nos assuntos políticos do país, após repetidos apelos para a transição política de numerosos líderes políticos do ocidente.

Souleimane que falava numa entrevista com a Televisão egípcia, adiantou que pessoalmente não tem intenções de apresentar as presidenciais previstas para Setembro.

Ao cair da noite nas cidades egípcias do Cairo e de Alexandria, ainda continuavam as manifestações que desafiam o recolher obrigatório.

A Associated Press noticiou a ocorrência de novos actos de pilhagens e de vários incêndios na região do Cairo, incluindo um num supermercado num dos subúrbios da capital.

O vice-presidente Omar Suleimane afirmou ter instruído as forças de segurança para libertarem os jovens detidos nos protestos que não estiveram envolvidos em violência.

Entretanto, hoje as forças armadas egípcias interpuseram-se entre os manifestantes pró e anti Mubarak, na capital para evitar o crescendo de violência.

Vários tanques foram posicionados nas proximidades da Praça Tahrir, isso enquanto milhares de manifestantes anti-governamentais se reuniram e ergueram barricadas para defenderem-se dos grupos pro-governo.

De acordo com o ministério da saúde do Egipto, pelo menos cinco pessoas morreram e mais de oitocentas outras ficaram feridas nas escaramuças desta manha entre manifestantes pró e anti-governamental.

Segundo os relatos de jornalistas no local, os anti-Mubarak mantêm ainda o controlo da Praça Tahrir, ao mesmo tempo que o grupo dos pró-prosidente se reorganizam em outros pontos da capital.

O exército que ontem mostrou-se passivo, entrou hoje em cena ocupando posições entre os dois grupos.

O primeiro-ministro Ahmed Shafiq num entrevista telefónica difundida hoje disse que os ataques de ontem foram um erro.

“Quero apenas dizer uma coisa para todos os nossos irmãos de ambos lados: somos irmãos, e não vamos nos matar por causa dos nossos pontos de vista… e o que aconteceu foi definitivamente um erro.”

Numa conferência de imprensa dada mais tarde o primeiro-ministro Ahmed Shafi prometeu investigações de forma a apurar as responsabilidades.

Repórteres no local disseram que militares egípcios fizeram tiros de alarme para por termo as confrontações. Mais tarde a maioria do efectivo se retirou da praça para as suas posições anteriores perto do Museu Nacional onde tem protegido esse património nacional.

Os manifestantes anti-governamentais acusam o regime do presidente Mubarak de não controlar as suas forças e de ter pago grupos de vândalos e de polícias civis para os atacar.

Uma advogada americano-egípcia, Dina Guirguis especialista do Washington Instituto para o Próximo Oriente exibiu um documento secreto do antigo ministro do interior, mas em circulação na internet, que segundo ela dá indicações de como as forças de segurança governamentais devem lidar com os protestos.

“Agentes de segurança e forças de polícia munidos de bastões, facas e barras de ferro penetraram-se entre os manifestantes em trajes de civis, de forma a não serem identificados.”

Os manifestantes anti-governo exibiram cartões de identificação de polícias que segundo eles foram apanhados no meio do grupo, e muitos deles estavam armados de bastões, facas e de outras armas ligeiras.