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"Não podemos tomar o poder" - Irmandade Muçulmana


"Não podemos, não queremos, não planenamos tomar o poder" - Mohamed Mosri da Irmandade Muçulmana
"Não podemos, não queremos, não planenamos tomar o poder" - Mohamed Mosri da Irmandade Muçulmana

Port-voz afirma que alegações falsas sobre a Irmandade visam desviar a atenção da luta pela liberdade

4 fev 2011 - A Irmandade Muçulmana “não quer, não deseja e não planeia” tomar o poder no Egipto, disse um porta-voz da organização.

O porta-voz respondia a pergunta da Voz da América sobre os receios que existem que a organização possa assumir o poder, se o regime de Hosni Mubarak cair, e instituir um governo islâmico no país.

Fundada em 1928 ppelo académico islâmico Hassan al Banna a Irmandade Muçulmana, Al-Ikhwan al Muslimin, é uma organização que se estende através do Médio Oriente sendo mesmo conhecida como a Internacional Islâmica. O seu centro é no Egipto onde inicialmente dtinha como objectivo "o regresso pureza do islão".

O movimento alastrou-se rapidamente e estima-se que em 1948 contava já com meio milhão de membros activos.

O seu relacionamento com o poder no Egipto foi sempre de conflito, como aliás acontece por exemplo na Síria onde tem também sido alvo de uma intensa repressão.

Foi contudo com a ascensão ao poder de Gamal Abdal Nasser que as relações se deterioraram substancialmente depois da Irmandade ter sido acusada de tentar assassinar o dirigente egípcio. Entre 1954 até á morte de Nasser em 1970 milhares de membros foram presos e torturados

Em 1972 Umar Tilmisani assumiu o controlo da organização e renunciou á violência e o presidente Anwar al Sadat permitiu ao grupo participar em actividades políticas.

A partir de 1984 a Irmandade Muçulmana seguiu a táctica de concorrer às comissões directivas de organizações profissionais, como sindicatos, e participar nas eleições parlamentares, primeiro como aliado de partidos legais e depois com candidatos independentes. Nas últimas eleições levadas a cabo pelo regime de Mubarak os independentes ligados à Irmandade conseguiram 20 por cento dos lugares no parlamento, algo que surpreendeu muitos analistas.

Mas alguns destes analistas são de opinião que esta táctica serviu ironicamente para moderar a organização pois os seus membros que entraram no parlamento ou em organizações profissionais foram obrigados, por necessidad,e a entrar em diálogo com outras ideias.

Num artigo acabado de publicar na conceituada revista Foreign Affairs Carrie Wickham que há muito estuda a Irmandade Muçulmana disse que há hoje três facções dentro da organização sendo a facção da'wa a mais conservadora e que controla o “Departamento Guia”, dominando as operações burocráticas e recursos.

A segunda facção considerada de pragmática é aquela que defende a participação no sistema político e há uma terceira, mais reformista, ainda, que tem uma interpretação progressista do islão mas cuja representação no “Departamento Guia” é fraca.

Mohamed Morsy, porta-voz da organização disse que não é verdade que a Irmandade tenha como objectivo a tomada do poder e diz mesmo que a influência da organização na sociedade é exagerada por motivos políticos.

As exigências da irmandade, disse ele, são apenas aquelas do resto do povo egípcio nomeadamente liberdade democracia e justiça para o povo.

“Se formos cinco milhões a nossa influência no povo não excede os cinco ou dez por cento no máximo,” disse ele acrescentando que “não quer tomar o poder e não pode tomar poder”.

“Isso não está no nosso programa,”disse.

Interrogado pela Voz da América sobre receios que a organização quer impor princípios islâmicos numa sociedade diversa o porta-voz negou essa intenção afirmando que a sua organização quer a liberdade “para cristãos e muçulmanos, homens e mulheres”.

“Nós não queremos, nós não planeamos, nós não desejamos tomar o poder. Não podemos assumir o poder. A realidade é que a maioria do povo egípcia é uma maioria mista,”disse.

“Quando se fala em a Irmandade Muçulmana tomar o poder isso é uma questão falsa,” acrescentou Morsy

O porta-voz disse ainda que na sua opinião o chefe do tribunal supremo deveria assumir a responsabilidade do presidente durante um período de transição até um novo parlamento tomar ser eleito. Durante esse período o governo deveria ser assumido por um comité de transição, acrescentou.

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