O governo quer reassentar permanentemente populações de zonas propícias a cheias ao longo do rio Limpopo, depois das devastadoras inundações ao longo do rio no mês passado.
CHOKWÉ —
O primeiro-ministro Alberto Vaquina está a pressionar as autoridades locais a serem firmes com as pessoas que querem regressar às suas casas – dizendo que o risco de novas cheias é demasiado elevado.
O governo oferece às pessoas pedaços de terra em locais mais elevados, caso aceitem mudar. Cerca de 100 pessoas morreram nas cheias e mais de 200 mil outras foram afectadas.
A casa de Thelma Zita fica apenas a poucas centenas de metros das margens de um dos mais poderosos rios africanos - o Limpopo.
Em finais de Janeiro, o rio saltou das suas margens, levando tudo o que encontrou pela frente. Não houve tempo para fugir.
“Subimos aos telhados. Não deixamos Guija porque a água chegou à noite.”
Uma semana mais tarde Thelma Zita deu à luz uma menina. Agora, com a bebé agarrada às suas costas com uma capulana, Thelma Zita está a cultivar a terra que aos poucos deixa de estar submersa pelas águas do Limpopo.
“Estamos a começar a plantar de novo. Em alguns terrenos não se pode semear porque há ainda água, temos que esperar. A vida continua, é assim a vida.”
O fértil vale do Limpopo é fonte da grande parte do arroz e dos vegetais produzidos em Moçambique.
O aviso de cheias permanece em vigor. O final da estação das chuvas será daqui a dois meses.
É arriscado andar já a amanhar a terra, mas Thelma Zita e os vizinhos dizem que caso não plantem, vão passar fome.
“Aqui não chega nada. Pode vir um camião cheio de comida mas quando chega a nos já há pouco.”
Adam Ridell – da organização cristã Americana “Bolsa do Samaritano” – está a ajudar a distribuir alimentos na área. Ele explica porque Thelma Zita e os seus vizinhos poderão não obter ajuda alimentar.
“Uma razão porque estas pessoas poderão não receber ajuda alimentar é porque não se encontram nos centros de acomodação. Podemos não saber onde eles estão. Seria mais fácil se estivessem nesses centros. É ali que levamos comida.”
Custódia Quive é uma das 70 mil pessoas que escaparam às águas do Limpopo. Agora vive num enorme campo de tendas, gerido pelo governo e agências internacionais de ajuda.
“Foi tudo, não tenho casa, a porta abriu-se e a roupa foi levada.”
Agora é altura de olhar o future. O governo oferece terra em zonas mais altas, perto do campo onde se encontram. A 29 quilómetros da cidade de Chokwé, onde antes das cheias ela vivia e trabalhava.
“Queremos a terra, mas ainda não nos deram nada. É muito longe, mas mesmo assim posso viver lá, a família pode ficar aqui.”
Durante o dia poucos homens se encontram no acampamento. Muitos regressaram já aos terrenos, ou encontram-se a proteger as suas casas e haveres dos bandidos, nas áreas inundadas.
Adam Ridell diz que o processo de realojamento será difícil mas que há poucas alternativas.
“Como se realojam 200 mil pessoas? Quando há inundações a cada cinco anos? Conseguiu-se progredir nos sistemas de aviso antecipado e as pessoas sabiam que a água das cheias ia chegar. Os diques rebentaram, e a água chegou muito mais depressa do que pensavam. Muitas pessoas estavam preparadas para as cheias mas não o suficiente porque não pensavam que seria tão mau como foi. As suas casas são feitas de barro, porque é o que tem, pelo que foram com as cheias.”
Os peritos dizem que Moçambique, país onde existem 9 dos maiores sistemas de rios e onde há tendência a enfrentar ciclones sazonais, é especialmente vulnerável a mudanças climatéricas, aumentando o risco de mais desastres naturais no futuro.
O governo considera a construção de pelo menos uma outra barragem no rio Limpopo – mas é um empreendimento dispendioso para um país ainda dos mais pobres do mundo.
Entretanto, esperam conseguir deslocar o maior número de pessoas possível para locais mais elevados para minimizar os efeitos de um próximo desastre.
O governo oferece às pessoas pedaços de terra em locais mais elevados, caso aceitem mudar. Cerca de 100 pessoas morreram nas cheias e mais de 200 mil outras foram afectadas.
A casa de Thelma Zita fica apenas a poucas centenas de metros das margens de um dos mais poderosos rios africanos - o Limpopo.
Em finais de Janeiro, o rio saltou das suas margens, levando tudo o que encontrou pela frente. Não houve tempo para fugir.
“Subimos aos telhados. Não deixamos Guija porque a água chegou à noite.”
Uma semana mais tarde Thelma Zita deu à luz uma menina. Agora, com a bebé agarrada às suas costas com uma capulana, Thelma Zita está a cultivar a terra que aos poucos deixa de estar submersa pelas águas do Limpopo.
“Estamos a começar a plantar de novo. Em alguns terrenos não se pode semear porque há ainda água, temos que esperar. A vida continua, é assim a vida.”
O fértil vale do Limpopo é fonte da grande parte do arroz e dos vegetais produzidos em Moçambique.
O aviso de cheias permanece em vigor. O final da estação das chuvas será daqui a dois meses.
É arriscado andar já a amanhar a terra, mas Thelma Zita e os vizinhos dizem que caso não plantem, vão passar fome.
“Aqui não chega nada. Pode vir um camião cheio de comida mas quando chega a nos já há pouco.”
Adam Ridell – da organização cristã Americana “Bolsa do Samaritano” – está a ajudar a distribuir alimentos na área. Ele explica porque Thelma Zita e os seus vizinhos poderão não obter ajuda alimentar.
“Uma razão porque estas pessoas poderão não receber ajuda alimentar é porque não se encontram nos centros de acomodação. Podemos não saber onde eles estão. Seria mais fácil se estivessem nesses centros. É ali que levamos comida.”
Custódia Quive é uma das 70 mil pessoas que escaparam às águas do Limpopo. Agora vive num enorme campo de tendas, gerido pelo governo e agências internacionais de ajuda.
“Foi tudo, não tenho casa, a porta abriu-se e a roupa foi levada.”
Agora é altura de olhar o future. O governo oferece terra em zonas mais altas, perto do campo onde se encontram. A 29 quilómetros da cidade de Chokwé, onde antes das cheias ela vivia e trabalhava.
“Queremos a terra, mas ainda não nos deram nada. É muito longe, mas mesmo assim posso viver lá, a família pode ficar aqui.”
Durante o dia poucos homens se encontram no acampamento. Muitos regressaram já aos terrenos, ou encontram-se a proteger as suas casas e haveres dos bandidos, nas áreas inundadas.
Adam Ridell diz que o processo de realojamento será difícil mas que há poucas alternativas.
“Como se realojam 200 mil pessoas? Quando há inundações a cada cinco anos? Conseguiu-se progredir nos sistemas de aviso antecipado e as pessoas sabiam que a água das cheias ia chegar. Os diques rebentaram, e a água chegou muito mais depressa do que pensavam. Muitas pessoas estavam preparadas para as cheias mas não o suficiente porque não pensavam que seria tão mau como foi. As suas casas são feitas de barro, porque é o que tem, pelo que foram com as cheias.”
Os peritos dizem que Moçambique, país onde existem 9 dos maiores sistemas de rios e onde há tendência a enfrentar ciclones sazonais, é especialmente vulnerável a mudanças climatéricas, aumentando o risco de mais desastres naturais no futuro.
O governo considera a construção de pelo menos uma outra barragem no rio Limpopo – mas é um empreendimento dispendioso para um país ainda dos mais pobres do mundo.
Entretanto, esperam conseguir deslocar o maior número de pessoas possível para locais mais elevados para minimizar os efeitos de um próximo desastre.