"O poder quer matar Luaty Beirão", acusa o professor universitário Nelson Pestana Bonavena que, no passado, fez uma greve de fome de 21 dias em protesto contra o que considerou ser uma detenção injusta.
"A decisão de uma greve de fome não é uma decisão leviana e toma-se quando o prisioneiro percebe que foram esgotados todos os meios possíveis para exigir a justiça".
Em 1980, Bonavena fez uma greve de fome de 21 dias para protestar contra as injustiças que, na altura, diz ter sofrido enquanto preso político.
Para aquele cientista político, o grevista começa a sentir efeitos fortes da falta de alimentos logo nos primeiros dias, como a “perda de força progressiva e falência de órgãos”.
Aquele antigo grevista garante que apenas a satisfação da exigência leva o grevista a suspender a acção, como foi o caso dele.
Questionado sobre sequelas, aquele professor diz não saber que consequências possam ter, mas afirma que terá ficado com sequelas dos “maus-tratos do regime na altura, tais como agressões”.
Greve de fome pode levar à morte em cerca de um mês, Luaty já cumpriu 36 dias.
Na conversa com a VOA, Nelson Bonavena acusa o Presidente da República de querer eliminar Luaty Beirão, e atribui a José Eduardo dos Santos a responsabilidade por aquilo que acontecer com o activista em greve de fome há 36 dias.
“O Presidente da República tem toda a responsabilidade caso aconteça alguma coisa ao Luaty porque quando o Luaty quer apenas responder em liberdade e o poder acha que não pode, é porque quer matá-lo”, diz Bonavena.
Hoje, os familiares que visitam Luaty Beirão garantem que ele continua em estado crítico, mas lúcido.