Bárbara Ferreira Santos
O activista angolano Luaty Beirão completa nesta segunda-feira 36 dias em greve de fome.
Especialistas em saúde pública consideram que mais de um mês em greve de fome, mesmo com cuidados médicos, pode levar o corpo humano à falência de órgãos e até a morte.
A professora de enfermagem Adelina Calundungo, da Escola de Formação de Técnicos de Saúde da Huíla, explica que o corpo humano consegue aguentar, em média, 20 dias em greve de fome sem nenhuma intervenção médica.
Ela afirma que é preciso colocar uma sonda gástrica para garantir ao corpo um mínimo de energia.
Mesmo que seja colocada a sonda gástrica num paciente em greve de fome, diz a enfermeira, o limite médio de sobrevivência chega a um mês.
Luaty Beirão recebeu apenas soro, nomeadamente complexo B e fisiológico, e água com açúcar nesse período.
Calundungo explica que o corpo precisa dos carboidratos provenientes da alimentação para ter energia.
Sem esses carboidratos, os primeiros órgãos afectados são os do sistema digestivo, especialmente estômago, intestinos e fígado, seguidos pelos músculos e cérebro.
Entre as consequências relacionadas ao mau funcionamento do cérebro, explica a professora, estão cefaleias fortes, desmaios e tonturas.
Adelina Calundongo afirma ainda que, mesmo que uma greve de fome de mais de um mês seja interrompida e o paciente receba atendimento médico, haverá consequências para o resto da vida.
Ela salienta que é preciso fazer o acompanhamento médico adequado após a greve de fome para que as consequências sejam minimizadas.