É raro na cena política angolana um governador criticar abertamente o Governo central mas foi isso que aconteceu em Benguela num encontro entre o governador Rui Falcão e o ministro da Administração do Território, Marcy Cláudio Lopes, em visita de trabalho.
O governador provincial abordou a velha problemática da falta de dinheiro para o saneamento básico, um dos setores inscritos na transferência de competências do Governo central para os provinciais, selada há dois anos justamente em Benguela.
"Não é possível que cidades como Benguela e Lobito fiquem meses sem dinheiro para recolher os resíduos sólidos”, disse o governador para quem “é preciso mais sensibilidade de quem toma decisões em Luanda, e se não trouxermos esses quadros para vivenciarem a realidade as decisões são sempre erradas".
Falcão, que ficou sem resposta do ministro, compreende a pouca disponibilidade financeira, mas não se conforma com o rótulo da incompetência.
"Se for racionalmente utilizado, podemos fazer melhor do que no ‘tempo das vacas gordas'", disse Rui Falcão."
"O que não podemos aceitar é que nos passem certificados de incompetência, quando, seguramente, os incompetentes não estão aqui", acrescentou.